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Itajahy, identidade e visibilidade Negra
Desde as comemorações do centenário da abolição Formal da Escravatura no Brasil, a cidade de Itajaí tal como o Brasil passam por um longo e intenso debate nas discussões sobre as Relações Étnico Raciais em nossa sociedade. Neste sentido há um grande reflexo no debate das Relações Étnico Raciais, sobretudo nas reflexões das idéias de Promoção da Igualdade Racial. Estes debates e reflexões chegam na então “Provinciana” cidade de Itajaí, dando o início a longo processo e contínuo de “re-organização” da comunidade negra na cidade e em seu entorno, mesclando as lutas ancestrais de combate ao racismo e à exclusão de negros e negras no processo de construção da sociedade, e as demandas atuais tais como o acesso, a permanência e o sucesso em todos os níveis de educação (ensino infantil, fundamental e médio), incluindo aí as questões religiosas sendo a Festa do Rosário um dos pontos altos deste processo de “re-organização” política e social e de unificação da comunidade como um todo. É justamente que neste contexto histórico, de fim do governo autoritário, da redemocratização do Brasil, de Diretas Já, de promulgação da Constituição Brasileira, que em 1988 cria-se a Pastoral do Negro. Apoiado pelo Padre Jacomeli e inspirado, sobretudo, pela campanha da fraternidade “Ouvir o Clamor desse Povo” surge em 1992 o primeiro Movimento Social Negro moderno de Itajaí: o Movimento Negro Tio Marco. Todo este movimento deságua no ano de 1992 quando o movimento negro, agora organizado, apresenta aos vereadores Volnei Morastoni e Maneca do PT o projeto de lei 2830 de 1993, a primeira lei no Estado de Diversidade Étnica na Educação. Esta legislação é o marco inaugural de uma série de leis que pensam a promoção da igualdade racial desde a educação infantil até as séries finais do ensino fundamental, que foram apresentadas aos governos municipal e câmara de vereadores ao longo das primeiras décadas dos anos 2000. Neste sentido, ao se pensar todo o longo processo de organização e de reorganização da comunidade negra de Itajaí e seu entorno, é imperativo se levar em conta a contribuição de mulheres e homens que construíram as relações sociais e econômicas de nossa sociedade desde a construção urbana como igrejas, prédios públicos e até mesmo o porto, de pensar que todos e todas tenham seus nomes inscritos no panteão da História. Moacir da Costa, Professor, historiador, militante do Núcleo Afro Manoel Martins dos Passos