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Chafariz do mercado público
O Mercado Público de Itajaí, também conhecido como Mercado Velho, que já completou 100 anos em 2017, vem de receber uma importante e valiosa benfeitoria: o minucioso e bem feito restauro de seu artístico e também centenário chafariz. Merece, por isso, elogios, à municipalidade de Itajaí. Elemento ou obra de arquitetura em paisagismo como ornamentação, os chafarizes já eram conhecidos no Egito antigo, na Grécia e em Roma; assim como na China. Mas foram os árabes, quando conquistaram a península ibérica no século VIII, que deixaram em Portugal e Espanha o costume de construir chafarizes. Aliás, o nome chafariz vem mesmo do idioma da Arábia e significa cisterna ou tanque. É que os árabes, morando em terras quentes, gostavam de refrescar suas residências, providas de pátios internos, com água jorrando de chafarizes. Os chafarizes ao longo do tempo passaram a ser construídos tanto em propriedades particulares (casas, mosteiros, igrejas), como nos espaços públicos de praças e mercados. O chafariz do Mercado Público de Itajaí é uma obra de arte, que foi ali colocada com o duplo objetivo de ornamentar o seu interior e servir como fonte d´água aos usuários do local. E quem foi o artista? O italiano Luigi Collares, patriarca da conhecida família itajaiense, imigrante da cidade de Livorno, chegado ao Brasil com nove anos no final do século XIX. Ele aprendera com o pai, também artista, com quem havia imigrado, a arte da escultura e da decoração de frontarias de casas e edifícios. Em Itajaí, foram trabalhos seus, que se sabem, as fachadas da sede antiga da Sociedade Guarani e da casa de Bonifácio Schmitt e a “Ponte dos Suspiros”, construída sobre um lago que havia na Praça Vidal Ramos. A influência da arte italiana no chafariz do Mercado Público pode ser notada no uso da coluna clássica que sustenta a obra, na presença de folhas de acanto como elementos de sua decoração, terminando a coluna com um grande anel como ela se estivesse invertida. A última parte do chafariz é uma superposição de anéis sobre um pedestal também decorado. Lá em cima está águia republicana da bandeira de Santa Catarina, de asas estendidas, que simboliza as forças produtoras. Ela segura com a garra direita uma chave, para dizer que o Estado é ponto estratégico do litoral brasileiro e com a esquerda, uma âncora, que significa a segurança da navegação. Por fim, vale destacar a sensibilidade e competência do administrador público municipal que, há cem atrás, tomou a feliz decisão de contratar o artista para criar a obra de arte que ornamentasse o Mercado Público de Itajaí e ao mesmo tempo saciasse a sede de seus usuários. Arte - beleza - saciando a sede do espírito e do corpo. Onde mais se encontra tal nos espaços públicos da cidade?