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Democracia racial: o mito se perpetua
Ao adentrarmos no século 21 nosso país apresenta novas temáticas que enfatizam as relações raciais nas políticas públicas voltadas à população negra, com crescente destaque nas mobilizações sociais, intelectuais, meios de comunicações, partidos políticos, executivo federal bem como Legislativo e Judiciário. O intuito de disseminar a nova tendência foi disposto no Estatuto da Igualdade Racial descentralizado para estados e municípios da federação brasileira, para a promoção destas práticas in locus, visando findar a cultura da Democracia Racial, pensamento e atitudes que dominaram o século 19 e 20 enfatizando a dimensão positiva da mestiçagem cultural brasileira com convivência harmônica longe dos problemas raciais reais. A respeito da ideia de democracia racial podemos constatar que esta ideologia é fruto de artifícios para o não enfrentamento dos problemas surgidos no período pós-abolicionista acompanhado de pensamentos pouco ortodoxos e desiguais, onde não levavam em conta os anos de cativeiro forçado e desumano imposto à população negra, pois os mesmos já haviam alcançado a liberdade e se não atingiam uma elevada posição na sociedade é por que faltou empenho dos mesmos; este discurso ainda é realidade em nossa contemporaneidade e reverbera na sociedade brasileira demonstrando a falta de solidariedade daqueles que desfrutaram de posições privilegiadas na ordem social do Brasil. Atividades de promoção da igualdade racial ainda não contemplam a maioria dos municípios de nosso país, deixando de ser equânime e gerando profunda desigualdade social. Há uma utopia racial instalada em toda ramificação do sistema público, produzindo o racismo institucional que por sua vez cria um abismo social, racial e econômico, sendo observadas práticas severas que não vão de encontro a semântica das leis vigentes. Podemos deduzir pelo mais óbvio e eleger a democracia racial como a melhor forma de lidarmos com as questões raciais, porém o racismo velado presente na sociedade brasileira nos expõe ao não avanço dos negros na pirâmide social. São lembranças de um passado servil com o preconceito à frente implicando em vil situação de castas disfarçadas em nossa coletividade. O negro continua desorganizado, no âmbito econômico impulsionado pelo preconceito e monopólio de renda, poder e prestígios em mãos não negras nivelando por baixo a luta negra por subsistência e ascensão causando os transtornos dos conceitos da democracia racial. Desta forma é inevitável discutirmos a maneira de educar no Brasil que exalta a meritocracia, conceito impregnado pelas teorias da democracia racial incorporado nas práticas e discursos escolares, que pouco ou nada têm feito para mudar tais características obscuras evidenciadas em nosso corpo social! Paulo Marcos da Silva Pereira