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Novembro, falando de consciência negra
Novembro, falando de consciência negra
Ter consciência negra significa que somos diferentes, temos mais melanina na pele, cabelos crespos, lábios grossos e nariz achatado! Ter Consciência Negra significa que ser negro não é defeito!
Ter Consciência Negra significa que somos discriminados duas vezes, porque somos pobres e porque somos negros e quando mulheres ainda mais uma vez por sermos mulheres negras.
Ter Consciência Negra significa compreender que não se trata de passar da posição de exploradas e exploradores e sim lutar junto com os demais oprimidos para fundar uma sociedade sem explorados e exploradores.
Uma sociedade onde todas tenhamos na prática iguais direitos e deveres.
Ter Consciência Negra significa sobretudo sentir a emoção que vem de choque em nosso peito, da tristeza de tanto sofrer, com o desejo térreo de alcançar a igualdade para que se faça justiça ao nosso povo.
Ter consciência Negra significa compreender que para ter consciência negra, não basta ser negro e sim que além disso tenha necessidade de lutar pelo nosso povo que poucas vezes foram marcados pelo sofrimento.
E só assim haverá um povo, um rosto, haverá uma identidade.
Conceição Pereira – Setorial de Cultura Afro
Brechtiana - Nei Lopes
Primeiro,
Eles usurparam a matemática
A medicina, a arquitetura
A filosofia, a religiosidade, a arte
Dizendo tê-las criado
À sua imagem e semelhança.
Depois,
Eles separaram faraós e pirâmides
Do contexto africano –
Pois africanos não seriam capazes
De tanto inventiva e tanto avanço.
Não satisfeitos, disseram
Que nossos ancestrais tinham vindo de longe
De uma Ásia estranha
Para invadir a África
Desalojar os autóctones
Bosquímanos e hotentotes.
E escreveram a História a seu modo.
Chamando nações de “tribos”
Reis de “régulos”
Línguas de “dialetos”.
Aí,
Lançaram a culpa na escravidão
Na ambição das próprias vítimas
E debitaram o racismo
Na nossa pobre conta.
Então,
Reservaram para nós
Os lugares mais sórdidos
As ocupações mais degradantes
Os papéis mais sujos
E nos disseram:
– Riam! Dancem! Toquem!
Cantem! Corram! Joguem!
E nós rimos, dançamos, tocamos
Cantamos, corremos, jogamos.
Agora, chega!
(Poétnica, p. 31-32) Literafro