Show de Bola
Por Coluna do Jânio Flavio -
Explorador de sonhos
Teve repercussão estadual a entrevista dada em primeira mão à Rádio Univali FM por um atleta sub-20 do Marcílio Dias que pagou R$ 2500 ao superintendente de futebol, Egon da Rosa, para ser profissionalizado pelo clube. Egon afirmou ao DIARINHO que o valor total do acordo era R$ 4 mil. É deprimente ver a forma como o sonho do garoto de se tornar um jogador de futebol foi explorado pelo dirigente. De família humilde, o pai do jovem precisou pegar dinheiro emprestado para pagar a primeira parcela de R$ 1 mil. Depois de dois meses treinando sem uma oportunidade no time da Copa Santa Catarina, o jovem teve que procurar a imprensa para que o Marinheiro desse sequência na documentação. Agora, mesmo sabendo que não continuará no clube, o jogador espera a publicação do seu nome no BID. O custo para profissionalizar um atleta não passa de R$ 400, ou seja, 10 vezes menos que o cobrado.
Vergonha
Egon diz que a prática de cobrar para profissionalizar atletas é normal no futebol. Aliás, existem matérias antigas do DIARINHO e da imprensa local em que o dirigente fez o mesmo com atletas do NEC. Só que ele esquece que está representando o Marcílio Dias, uma instituição quase centenária e que não pode ter seu nome envolvido neste tipo de exploração. O Marcílio não é time de empresário, com finalidade de dar lucro a alguém ou à uma empresa. O Marinheiro é do povo, é da comunidade, e tem função social importante para estes garotos que querem vestir o manto rubro-anil. O Marcílio deve dar oportunidades aos jovens sem abusar dos seus objetivos. Se o atleta tiver potencial, o clube deve contratá-lo e investir no seu futuro. Se não, precisa orientá-lo a seguir a vida em outra equipe ou profissão, mas sempre com respeito e transparência. É assim que dirigentes sérios e profissionais agem.
Ligando os pontos
Ainda ficou no ar qual o destino do dinheiro e quantos jogadores também pagaram para participar da Copa Santa Catarina e serem profissionalizados. Recebi denúncia de um pai de Curitiba que teria caído na mesma conversa do dirigente. Somente quem pode apurar quanto entrou - e se entrou - no caixa do Marinheiro é o Conselho Deliberativo. E vejam só: a diretoria executiva se nega a reconhecer o Conselho legítimo e banca Egon da Rosa como o verdadeiro presidente do Conselho. Não, não é piada. Egon, que segundo a diretoria executiva é só um colaborador e que nenhum centavo passa por ele, foi o responsável por receber do jogador o adiantamento do dinheiro. Será que Egon vai abrir um processo contra ele no Conselho que ele mesmo diz presidir?