SAÚDE
Itajaí quer parceria com Fiocruz pra tocar método inovador contra a dengue
Solicitação pra entrar no programa Wolbachia foi feita para o Ministério da Saúde
João Batista [editores@diarinho.com.br]



Itajaí pediu ao governo federal pra entrar no programa Wolbachia, estratégia de prevenção à dengue do Ministério da Saúde em parceria com Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o World Mosquito Program (WMP). O método, já feito em Balneário Camboriú e Joinville, faz a soltura de mosquitos Aedes aegypti portadores da bactéria Wolbachia para o controle de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Na manifestação de interesse assinada pelo prefeito Robison Coelho (PL), o município reconhece que o método tem reduzido a capacidade de transmissão de vírus, é autossustentável e tem gerado resultados expressivos nas cidades onde foi implantado, com significativa redução dos casos das chamadas arboviroses, que são doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos.
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Itajaí é considerada área endêmica para a circulação dos vírus dessas doenças, sofrendo com surtos que sobrecarregam a rede de saúde. “Nesse sentido, aderir a um programa de base científica consolidada representa medida preventiva, de impacto coletivo e plenamente alinhada às diretrizes de vigilância em saúde”, destaca o pedido do município. Além da inclusão no programa, Itajaí solicitou orientação técnica para tocar as ações.
Articulação
O ex-vereador Osmar Teixeira anunciou na quarta-feira que o pedido do município é resultado de uma articulação iniciada em Brasília por meio da deputada estadual Paulinha (Podemos). Os dois também assinaram ofício solicitando a inclusão da cidade no programa. Na semana que vem, Osmar pretende ir pessoalmente tratar do tema junto ao governo federal.
Osmar destaca que a entrada de Itajaí no programa será um avanço histórico pra saúde. Ele lembra que, em Joinville, o método inovador reduziu em quase 99% os casos de dengue. Pela estratégia, a bactéria Wolbachia é injetada em ovos de Aedes aegypti e cria uma barreira contra o vírus que transmitiria a dengue e outras doenças.
“A implantação do método Wolbachia em Itajaí, da mesma forma como feita em Joinville e outras cidades pelo país, representa vidas poupadas, mais economia na saúde do município, mais leitos de UTI disponíveis pra nossa população que não precisará ser internada”, comentou Osmar.
Em audiência com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a deputada Paulinha disse que ele foi receptivo e vai analisar o pedido. A espera agora é que Itajaí seja contemplada o mais breve possível. A secretaria de Saúde de Itajaí aguarda pela resposta do governo federal.
Infestação
Itajaí segue com ações preventivas, como aplicação de inseticidas (Foto: Divulgação/PMI)
Conforme dados do município, de 2024 até o primeiro semestre de 2025, Itajaí registrou 39.621 casos de dengue, com 43 mortes, um dos índices mais altos da região e do estado. A cidade ainda segue classificada como infestada pelo mosquito. Entre os bairros com mais casos da doença estão São Vicente, Cordeiros, Dom Bosco e Cidade Nova.
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Enquanto espera pelo novo método, a prefeitura segue com ações preventivas. Segundo a Secretaria de Saúde, medidas adotadas em 2025 diminuíram os casos da doença em 90%, em relação ao ano passado. A queda foi de 36.458 pra 3427 casos, com cinco mortes neste ano.
A técnica desde o início do ano envolve a aplicação de inseticidas em prédios públicos com alto fluxo de pessoas, como postos de saúde, escolas e creches, e em locais de infestação. A preocupação agora é com a proximidade do verão. As temperaturas mais altas e as chuvas recorrentes criam o clima ideal pra proliferação do mosquito.
João Batista
João Batista; jornalista no DIARINHO, formado pela Faculdade Ielusc (Joinville), com atuação em midia impressa e jornalismo digital, focado em notícias locais e matérias especiais.