ITAJAÍ

Herbário começa obras de revitalização e retoma pesquisas

Construção de prédio pra abrigar acervo de plantas vai começar neste ano

Primeira etapa de melhorias tem investimento de R$ 1,7 milhão (Foto: João Batista)
Primeira etapa de melhorias tem investimento de R$ 1,7 milhão (Foto: João Batista)
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O herbário Barbosa Rodrigues, que guarda tesouros da flora catarinense em Itajaí, está vivendo uma nova fase. As obras do projeto de revitalização devem começar ainda neste ano, com a construção de um anexo para o acervo botânico. Outra novidade é um estudo que documentou pela primeira vez três novas espécies de plantas ameaçadas de extinção, em projeto que marca a retomada das pesquisas pela instituição.

Nesta semana, o herbário recebeu uma placa que anuncia as melhorias no local. As obras darão largada à primeira etapa da revitalização, sob o comando da Univali, que assumiu a instituição ...

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Nesta semana, o herbário recebeu uma placa que anuncia as melhorias no local. As obras darão largada à primeira etapa da revitalização, sob o comando da Univali, que assumiu a instituição em 2022. Segundo o reitor da universidade, Valdir Cechinel Filho, nesta fase será erguida uma edificação para armazenamento de todo o acervo de exsicatas, que são as amostras de plantas secas para estudos botânicos.

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O prédio será anexo ao casarão principal, na parte dos fundos do terreno. “Será uma edificação de dois andares, que contará com sistemas de controle de umidade e temperatura”, informa o reitor. Segundo ele, o projeto já foi aprovado em todos os órgãos competentes, entre Conselho Municipal de Patrimônio, Corpo de Bombeiros e prefeitura.

“A obra deve iniciar até o final de 2025, quando parte dos recursos deverão estar liberados para o início efetivo dos trabalhos”, destacou.

O investimento para a primeira etapa está estimado em R$ 1,7 milhão. “No próximo ano, estaremos completando a obra com as atrações externas (orquidário, museu, lanchonete etc.)”, adiantou o reitor.

A revitalização é esperada há anos, mas esbarrou na falta de dinheiro e travou após a morte dos antigos administradores, o casal Jurandir de Souza Bernardes, falecido em 2022, e Zilda Helena Deschamps Bernardes, em 2021. O projeto foi retomado depois que a Univali assumiu a gestão do herbário, após cinco anos de tratativas pra transferência.

Nesta fase, ainda não haverá intervenções no casarão histórico, tombado como patrimônio desde 2020. Para o prédio é previsto um projeto de restauro, trabalho especializado e mais caro – que dependerá de mais recursos. A construção do anexo, porém, permitirá que as melhorias avancem depois pro casarão, onde hoje está o acervo botânico, o qual sofre com a falta de condições de conservação.

O projeto busca estruturar a instituição para os trabalhos de pesquisas e pretende, na fase final, reabrir o endereço para visitas públicas. Na parte externa, também está prevista a revitalização do jardim, com lago ornamental, área de pergolado pra atividades ao ar livre e um circuito educativo aos visitantes, conectado ao casarão e ao novo anexo.

Projeto marca retomada de pesquisas

A nova pesquisa do herbário estudou plantas da região que são de espécies ameaçadas de extinção e que precisam de medidas para não desaparecerem. Foi feita a taxonomia das plantas, quando se dá nome às espécies e se descrevem as características. O trabalho envolveu o curador do herbário, o biólogo e doutor em botânica, Luís Funez, e mais sete pesquisadores catarinenses, da Furb, UFSC e Unesc.

Luís informa que foram descritas três espécies novas para a ciência de plantas do gênero do tabaco (nicotiana). Conhecidas popularmente como fuminhos-bravos, elas são parentes do tabaco e podem ser tóxicas se ingeridas. As plantas são endêmicas do estado, o que significa que vivem só em determinadas regiões.

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Dois dos tipos ocorrem só na faixa litorânea entre Penha, Itajaí, Balneário Camboriú e Florianópolis. A outra espécie é da região de Rio Negrinho e São Bento do Sul. Conforme o curador, o estudo é resultado de três anos de trabalho, que envolveu coleta e revisão de amostras, consulta de documentos antigos e plantas antigas em herbários estrangeiros, além de expedições.

A pesquisa marca a retomada de atividades científicas que o herbário não fazia há 35 anos. “Atividades de pesquisa em botânica, especialmente envolvendo a taxonomia e coletas em campo, já não aconteciam há muito tempo no herbário. Praticamente cessaram com a morte de seu fundador [padre Raulino Reitz], em 1990, que assim como eu, também era um taxonomista de plantas”, conta Luís.

O pesquisador destaca que o trabalho de catalogação de espécies vegetais do estado está sendo tocado no herbário ao menos desde o início do ano, com expedições rotineiras nas matas da região em busca de novos espécimes para o acervo. Segundo Luís, a documentação de espécies novas é o ponto de partida para qualquer outra pesquisa, como de uso das plantas, além de servir pra ações de proteção.

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“É aqui que damos os nomes às coisas. Com isso, os pesquisadores de outras áreas como farmácia, química, agronomia etc., podem ter a certeza de que é exatamente dessa planta que estamos falando. Seria simplesmente impossível realizar qualquer pesquisa aplicada (melhoramento genético, prospecção de fármacos ou químicos de interesse) caso não se soubesse com que planta estamos lidando”, explica.

Só com o acervo do herbário, há muito estudo pela frente. Atualmente, o principal trabalho é a curadoria do próprio acervo. O curador informa que são 70 mil amostras que precisam ser revisadas, montadas como exsicatas e fotografadas. No processo de cuidado do acervo, o herbário ainda tem doado amostras duplicadas para instituições parceiras.

“O pouco tempo que sobra é para pesquisa em taxonomia vegetal. Há diversos projetos nessa área em andamento, com parceiros de vários locais do Brasil e mesmo de fora do país. Mas o trabalho é naturalmente lento e delicado, requer muita paciência, conhecimento e dedicação, mas logo teremos muito mais resultados dessas pesquisas publicadas”, completa o curador.

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Novas plantas catarinenses

Nicotiana crux-australis 

Adora belas paisagens, vive apenas em rochedos à beira-mar ou de cachoeiras. Encontrada na morraria da Praia Vermelha, em Penha, em Balneário Camboriú e na Reserva Biológica Estadual Canela Preta, em Botuverá.

 

Nicotiana petum

Muito parecida com a primeira espécie, mas é maior e tem caule alado, lembrando uma carqueja. Ocorre no planalto norte catarinense, próximo ao Paraná, entre Rio Negrinho e São Bento do Sul, e provavelmente pode ser encontrada no estado vizinho.

 

Nicotiana litoranea

Espécie mais “radical”, cresce apenas nas rochas à beira-mar e adora viver em ilhas isoladas. Diferentemente das outras duas, tem corolas bem longas. As flores só se abrem à noite e são muito perfumadas. Ocorre nas rochas expostas de costões no extremo sul das ilhas de Santa Catarina, Campeche e Moleques do Sul, em Florianópolis, e posteriormente encontrada no Canto do Morcego, em Itajaí e em Balneário Camboriú.

 

Pesquisadores:

Luís Adriano Funez: Herbário Barbosa Rodrigues (Univali)

Júlia Gava Sandrini e Guilherme Alves Elias: Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc)

Fabrício Mil Homens Riella e André Ganzarolli Martins: UFSC

Anderson Kassner-Filho e André Luís de Gasper: Furb (Blumenau)

Paulo Schwirkowski: Samae (São Bento do Sul)






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