BALNEÁRIO

Mulher que teve 32% do corpo queimado comendo fondue precisa de ajuda para se recuperar

Enquanto se recupera da dor física, Sameli luta contra o sofrimento: “a dor emocional, eu não sei se algum dia vai passar”

Sete meses após o acidente em restaurante, Samy ainda tem um longo caminho até a reabilitação (Foto: Fran Marcon)
Sete meses após o acidente em restaurante, Samy ainda tem um longo caminho até a reabilitação (Foto: Fran Marcon)

A noite de 3 de janeiro de 2025 mudou completamente a vida de Sameli de Matos Bellio, de 32 anos. Ela foi atingida pela explosão de uma panela de fondue, aquecida por álcool, no restaurante Blackpot de Balneário Camboriú. Sameli foi socorrida às pressas com 32% do corpo queimado. Após 16 dias em coma e um mês passando por cirurgias e enxertos de pele, ela recebeu alta do hospital, mas a “vida normal” nunca voltou.

Sete meses depois, Sameli ainda se recupera das queimaduras. Com gastos altos para tentar se reabilitar, ela pede ajuda da comunidade para pagar os medicamentos que podem minimizar as cicatrizes que ficaram no rosto, braços e tronco. Antes do acidente, Sameli trabalhava como caixa de uma lanchonete.

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Sem poder voltar ao trabalho, ela sobrevive com uma pensão judicial paga pelo restaurante onde sofreu o acidente, mas que é insuficiente para bancar todas as suas despesas. Por isso, criou uma vaquinha para custear os itens para a recuperação, como malhas compressivas, roupas com proteção solar e medicamentos. Quem quiser ajudar pode contribuir com qualquer valor pelo link da Vakinha ou pelo Pix v5584447@vakinha.com.br.

Freguesa habitual

Ela lembra com detalhes do momento da explosão no restaurante onde adorava comer fondue e onde se tornou cliente assim que se mudou do Rio Grande do Sul para Itajaí há cerca de sete anos.

Ela e uma amiga já haviam terminado a sequência salgada do rodízio e iniciariam a degustação dos doces quando houve o acidente. “Ele [o garçom] despejou o álcool, sem conferir, sem tirar da mesa, sem nada. No que ele despejou o álcool, já deu aquele estrondo. Eu só vi a chama levantar e pegar no meu vestido. Levantei, bati nos óculos, ele voou longe, comecei a gritar e fechei os meus olhos e eu só pensava: ‘meu Deus, eu vou morrer aqui’. Eu escutava o desespero das pessoas em volta”, relata.

Segundo ela, não houve socorro imediato do restaurante. Outros clientes é que a ajudaram. O nome do garçom ela nunca soube. “Alguém gritava ‘tem que jogar água’. Até que alguém falou: ‘tem que abafar’. Eu senti que alguém me abraçou. Só que como eu me batia muito, eu abria espaço e voltava o fogo. Até que veio mais alguém e abraçou mais forte, daí me joguei no chão e apagou o fogo. Eu ainda levantei correndo desesperada”, relembra.

Depois de caminhar em desespero, uma funcionária a levou a uma sala até a chegada dos bombeiros. A ambulância demorou e, nesse intervalo, uma atendente quis cobrar a conta da mesa dela. “A minha amiga se negou a pagar”, lembra.

Ela desmaiou no trajeto para o hospital. Acordou 16 dias depois, já internada em Lages. “Tive 32% do corpo queimado, tórax, braço e rosto. Tive que fazer enxerto. Tirei um pedaço da perna, enxertei nos braços. Tive rejeição do enxerto do braço direito. Tive uma bactéria”, relata.

Durante os 30 dias internada, ligava por vídeo para a família em Itajaí para falar com a mãe e a filha pequena. Ela descobriu tardiamente sobre o uso de malhas compressivas e encontrou dificuldade para localizar profissionais especializados em queimaduras. “Tive que fazer fono porque eu não conseguia mais falar. Por causa da intubação fiquei com estenose”, explica.

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Hoje, além do acompanhamento da família e da filha de um ano e sete meses, ela tem apoio da Associação Nacional dos Amigos e Vítimas de Queimadura. Com sinais de depressão, tenta retomar a rotina. “Eu tô querendo voltar a trabalhar, porque eu tô com início de depressão e eu acho que, de repente, voltar pra rotina vai me ajudar. A minha médica não quer que eu volte, mas ela quer fazer uma reintegração social, aos poucos”, relata.

Atualmente, Sameli faz acompanhamento psicológico e psiquiátrico, além de sessões de fisioterapia. Ela só voltou a conseguir dormir há cerca de duas semanas. “Antes eu não dormia. Eu deitava na cama e ficava remoendo”, analisa.

Processo de aceitação 

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Mesmo habituada à dor física, o emocional pesa. “Eu tenho poucas dores, porque é como se eu tivesse quase acostumada a sentir dor, mas a dor emocional eu não sei se algum dia vai passar”, diz. “Eu tinha muita vergonha de sair de casa. Toda vez que eu saía de casa, as pessoas ficavam me olhando. Os olhares me incomodam. Eu tenho dificuldades de me olhar no espelho, porque eu não aceito a minha imagem. Eu era perfeita, agora tenho que lidar com isso. Eu sei que vai ser para o resto da vida. O pior eu acho que é o meu psicológico”, confessa.

Pra seguir a vida, ela pensa em estudar e fazer cirurgias reconstrutivas. “A minha ideia era voltar a estudar esse ano, porque eu quero fazer o curso técnico de enfermagem. Esse ano me deu mais vontade ainda, porque eu quero ajudar as pessoas, principalmente quem passa por isso”.

Além do estudo, Samy tem outra certeza: “nunca mais voltarei a comer fondue. Tenho pânico, terror de fogo, de ter que colocar alguma coisa na tomada, tenho medo até para tomar banho de chuveiro...”.

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