Embarcação tombada pelo patrimônio histórico foi construída nos Estados Unidos em 1913 (Foto: Ronan Rocha)
A Indústria Naval Catarinense (INC), estaleiro com sede em Navegantes, fez história ao devolver às águas do rio São Francisco o Vapor Benjamim Guimarães, patrimônio histórico e cultural de Minas Gerais. A embarcação, único exemplar movido a vapor do mundo, foi restaurada por meio de um projeto de R$ 5,3 milhões incluído no Novo PAC, dentro do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das Bacias dos Rios São Francisco e Parnaíba.
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou da cerimônia de reinauguração no último dia 2 de junho e celebrou a recuperação da embarcação. "O vapor é um símbolo da cidade e patrimônio ...
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou da cerimônia de reinauguração no último dia 2 de junho e celebrou a recuperação da embarcação. "O vapor é um símbolo da cidade e patrimônio de Minas Gerais. Por anos ficou abandonado nas margens do São Francisco, enquanto assistíamos a sua triste deterioração”, ressaltou o ministro. Segundo Alexandre Silveira, a recuperação vai permitir a retomada do turismo na região.
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Coral com as crianças de Pirapora foi uma das programações festivas da reinauguração (Foto: Ronan Rocha)
A entrega histórica também foi comemorada pelo CEO do INC, Josuan Moraes Junior, estaleiro que tem DNA catarinense e que foi responsável por todo o restauro feito às margens do rio São Francisco. “Mantivemos e recuperamos as máquinas originais, assim ele continua sendo movido a vapor produzido por uma caldeira a lenha. A alegria do povo de Pirapora ao receber de volta seu principal patrimônio histórico, totalmente restaurado e operacional, foi contagiante e emocionante”, explicou Josuan Moraes.
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A embarcação é tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e sua restauração iniciou em 2019. João Paulo Martins, presidente do Iepha-MG, explica que o Vapor Benjamim Guimarães é mais que uma embarcação. “É um monumento flutuante, um elo entre o passado e o presente que corta as águas do Velho Chico levando memórias, cultura e identidade. Para o Iepha, a restauração não é apenas trabalho técnico é um compromisso com a preservação da história viva de Minas Gerais,” diz João Paulo.
Quando a INC assumiu a obra inicial do Benjamin o navio estava abandonado às margens do rio São Francisco (Foto: Divulgação INC)
Cinco anos depois
O processo de restauração teve início em dezembro de 2019 ao ser firmado um convênio entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Iepha-MG, com investimento inicial de R$ 3,7 milhões. O objetivo era executar a substituição do casco e restaurar as demais áreas da embarcação e do mobiliário.
As obras começaram em novembro de 2020, já sob responsabilidade do estaleiro de Navegantes, com acompanhamento técnico do Iepha-MG, da Delegacia Fluvial de Pirapora, da Marinha do Brasil e da prefeitura de Pirapora. A previsão inicial era concluir o trabalho em até oito meses, mas houve o encerramento antecipado do convênio pelo Iphan quando estavam executados 92% da obra e pagos apenas 26% dos trabalhos. Com a não liberação total dos recursos previstos, apenas R$ 925 mil foram executados, e o contrato foi encerrado em março de 2022.
As obras começaram em novembro de 2020 sob responsabilidade do estaleiro de Navegantes
Em novembro de 2024, as obras foram retomadas a partir de um contrato direto entre a Eletrobras e o estaleiro INC. As intervenções incluíram a troca do casco, reparos na chaminé, na estrutura da roda de pás, revisão das estruturas de madeira, camarotes, máquinas a vapor, sistemas de água e esgoto, além da revisão completa do maquinário para restabelecer a plena função do vapor. Em 1º junho, bem no dia de aniversário de Pirapora, a obra foi entregue em clima de festa na cidade mineira.
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Embarcação foi construída em 1913 nos Estados Unidos (Acervo IEPHA-MG)
Embarcação norte-americana
O Benjamin Guimarães é um barco a vapor construído em 1913, nos Estados Unidos, e originalmente navegou pelo rio Mississipi. Ele chegou ao Brasil para servir à Amazon River Plate Company, no Rio Amazonas. Durante a década de 1920, a embarcação foi levada ao rio São Francisco para transporte de passageiros e cargas entre Pirapora [MG] e Juazeiro [BA]. A partir da década de 1980, o vapor fazia apenas passeios turísticos. O Benjamin Guimarães foi finalmente tombado como patrimônio histórico em 1985. Em 2014, acabou desativado pela precariedade da sua estrutura. A embarcação agora restaurada é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) e um símbolo da navegação do Rio São Francisco.
Curiosidade
Para proteger a embarcação que estava atracada nas margens do rio São Francisco enquanto a restauração não era realizada, foi necessário reduzir o fluxo de 4000 m³/s para 3000 m³/s na Usina Hidrelétrica de Três Marias (MG), o que restringiu a geração de energia naquele período. Agora, haverá ampliação da flexibilidade da operação nos reservatórios sem prejudicar o uso dos recursos hídricos.
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