Victor foi o último a se manifestar antes da votação do requerimento aprovado por unanimidade pelos 16 vereadores presentes. Antes de comparar a vida animal a dos humanos, o vereador ainda questionou o tempo usado para discutir o tema na Casa Legislativa.
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“Um show de lacração. Uma hora discutindo sobre cachorro. É possível julgar o coração do homem da forma como ele trata os animais. Mau trato pra mim é tentar humanizar um animal. Gente dentro de casa, a ‘bucica’ lá fora. Como cada um vai tratar os seus bichos, desde que não haja esse crime, violência, que ninguém concorda com isso. Agora não podemos ficar na lacração de se ‘o bichinho dorme comigo ou não dorme comigo’. Nós temos um monte de pauta de saúde, educação, segurança, vamos falar de gente agora, pelo amor de Deus”, discursou Nascimento.
Conhecida pela defesa da causa animal, Renata se baseou no caso do cão Loki, que quase morreu durante atendimento em um pet shop clandestino, para elaborar o texto do requerimento em que questiona a prefeitura de Itajaí sobre a fiscalização de pet shops na cidade. Ela também questiona quais os documentos necessários para o funcionamento deste tipo de estabelecimento.
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Durante a sessão, a vereadora exibiu as imagens do cão machucado após o atendimento. O cachorro teve a mandíbula fraturada ao ser agredido no banho e tosa. Já recuperado após cirurgia, Loki estava no plenário com seus dois tutores.
“Estes pet shops que não têm nenhuma credencial, que não têm um médico veterinário, que feche esse estabelecimento. O animal não é brinquedo. Pra mim, que sou protetora de animais, ele é considerado um filho. O meu requerimento é para que se faça justiça e esses pet shops de fundo de quintal sejam fechados. Para mim, um ser humano que faz isso com um animal não merece nada”, justificou a vereadora no início da discussão, que durou 34 minutos.
Dentre as manifestações de apoio ao requerimento, o vereador Sandro Serpa (PSDB) também fez comparações polêmicas entre humanos e os pets. “Tenho muito amor e carinho pelo animal que eu tenho, mas vejo uma troca de inversão de valores quando um casal compra um pet ou adota, e tem ele como filho, e não tem um filho realmente pra criar. Isso eu tenho uma dor. A escolha de não ter filho, tudo bem. Mas criar um cão como um filho, pra mim é uma inversão de valores”, filosofou.
Defensores da causa ficaram revoltados
Os vídeos com as falas de Victor viralizaram nas redes e grupos de WhatsApp e causaram revolta entre os moradores e defensores da causa animal em Itajaí. Precursora na criação de Ongs de proteção animal na cidade, a ex-vereadora Aline Aranha repudiou a forma como Nascimento se referiu aos pets.
“É lamentável. O maior mal de todos os tempos é querermos que a nossa certeza seja do nosso próximo também. Um animal tem que ser tratado, sim, como membro da família. Somos animais também e devemos tê-los como nossos irmãos. Quisera todas as pessoas no mundo tratassem seus filhos e seus animais com amor, e isso não é humanizar, é respeito e cuidado. Infelizmente, quem mais julga são os que menos fazem, tanto para animais, quanto para crianças”, opina Aline.
Ativa na causa animal na cidade, Silvana Rocha também critica o posicionamento do vereador: “A gente entende que a vida do ser humano é importante, mas toda vida deve ser preservada e cuidada, como os animais e outras formas de vida, até vegetal. Como raça humana consciente, dotados de inteligência, temos a obrigação de cuidar daqueles que se julga que não têm. As vezes parece que são mais inteligentes e capazes do que a gente, então é inconcebível essa fala, que se percebe ser uma pessoa que não tem uma sensibilidade para falar desse assunto”.
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