Não demorou pro Ministério Público questionar o novo modelo das placas de balneabilidade pelo Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), que prevê a troca da indicação de água “imprópria” ou “própria” por um QR Code. As 22ª e 28ª promotorias de justiça da Capital abriram de ofício, ou seja, sem a necessidade de denúncia, uma Notícia de Fato, que é um procedimento preliminar de investigação.
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A abertura foi na quinta-feira, após a repercussão do plano pra mudar a forma de divulgação da qualidade da água das praias catarinenses. Nesta sexta-feira, os promotores Luiz Fernando Góes Ulysséa ...
A abertura foi na quinta-feira, após a repercussão do plano pra mudar a forma de divulgação da qualidade da água das praias catarinenses. Nesta sexta-feira, os promotores Luiz Fernando Góes Ulysséa e Alexandre Piazza pediram, em despacho ao IMA, esclarecimentos sobre as mudanças na sinalização. O instituto terá prazo de 10 dias, contados do recebimento do documento, pra se explicar.
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Conforme o MP, o objetivo é apurar possíveis irregularidades na divulgação das informações sobre a balneabilidade das praias, diante da adoção do novo sistema. “O foco da investigação será analisar a transparência, clareza e acessibilidade das informações disponibilizadas ao público, com ênfase na confiabilidade e visibilidade das placas informativas”, informa o despacho.
Há preocupação de risco aos banhistas. “Essa mudança levanta questionamentos sobre o impacto dessa alteração na clareza das informações prestadas à população e aos turistas, uma vez que a substituição do modelo atual pode comprometer a eficácia da comunicação sobre a qualidade da água, especialmente em relação à visibilidade e compreensão imediata dessas informações”, destacam os promotores.
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O MP considerou as notícias de que a mudança, conforme já se manifestou o IMA na imprensa, ocorre em razão de atos de vandalismo que estragam ou destroem as placas de balneabilidade. No entanto, a promotoria ressaltou que a medida de retirar o aviso direto sobre a qualidade da água das placas “desperta uma série de questionamentos”.
“Em primeiro lugar, é essencial considerar se o novo sistema será eficaz em comunicar claramente as condições das praias aos banhistas, garantindo que todos os usuários, inclusive turistas, compreendam a situação da balneabilidade com a mesma facilidade que o modelo atual proporciona”, alerta o MP.
Além disso, também há preocupação com a acessibilidade da informação, que dependerá de consulta à internet. “O modelo atual, com placas que indicam claramente se a água é “própria” ou “imprópria” para o banho, parece ser o meio mais eficiente de comunicação”, analisam os promotores, justificando a necessidade de apurar a legalidade e a adequação das mudanças.
O que o MP quer saber
A apuração do MP visa avaliar o impacto na transparência das informações ambientais, a possível perda de acessibilidade das orientações para os cidadãos e a eficácia do novo modelo proposto pelo IMA. Para obter esclarecimentos, os promotores ordenaram o envio de ofício ao instituto ambiental.
São três pontos principais, entre eles como fica a situação de quem não tem celular ou leitor de QR Code. Para o MP, é importante que o IMA apresente alternativas que garantam o acesso à informação de forma clara, eficaz e inclusiva pra essas pessoas, de modo de todos possam tomar decisões independentemente do acesso à tecnologia.
Confira os questionamentos:
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- Quais medidas serão adotadas para garantir o acesso à informação de balneabilidade para turistas e banhistas que não tenham celular ou que não contem com a funcionalidade de escaneamento de QR Code?
- Solicitação de informações detalhadas sobre a situação atual do processo de licitação para a aquisição das novas placas de balneabilidade. Quais são as características técnicas e os critérios adotados para a escolha das novas placas, incluindo as especificações de visibilidade, durabilidade e as medidas adotadas para prevenir danos causados por vandalismo?
- Quais providências foram adotadas em relação aos diversos atos de vandalismo relatados nas notícias divulgadas pela imprensa, que resultaram na danificação das placas de balneabilidade?