Retomada do porto volta a provocar tranqueira no acesso ao terminal
Medidas da Codetran são analisadas pra organizar tráfego de caminhões
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Codetran discutiu propostas para eliminar filas na Caninana e na frente do porto (Foto: Felipe Trojan)
Com a retomada das operações no terminal de contêineres no Porto de Itajaí, as filas de caminhões voltaram a complicar o trânsito pela avenida Irineu Bornhausen, a Caninana, até a entrada do porto. A tranqueira foi percebida esta semana, com o trecho bem tumultuado com o movimento de caminhões seguindo para carregar no terminal. Em frente ao porto, três das quatros faixas chegaram a ser ocupadas pelos brutos.
Medidas devem ser discutidas pela Autoridade Portuária de Santos (APS) junto com o Conselho de Autoridade Portuária (CAP), composto por representantes de órgãos públicos, operadores, trabalhadores e usuários portuários.
Medidas devem ser discutidas pela Autoridade Portuária de Santos (APS) junto com o Conselho de Autoridade Portuária (CAP), composto por representantes de órgãos públicos, operadores, trabalhadores e usuários portuários.
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A Codetran já apresentou propostas para o fim das filas. O avanço das obras da rua do Porto e uma nova etapa da Via Expressa Portuária também são esperados pra aliviar o trânsito pesado nas ruas da cidade.
As filas ocorrem mesmo com o porto ainda não retomando totalmente a capacidade de operações. A movimentação no complexo portuário de Itajaí e Navegantes fechou 2024 com queda, mostrou o balanço divulgado pela APS. Foram 14,17 milhões de toneladas de cargas movimentadas, numa redução de 5% em relação a 2023, e 1,279 milhão de TEUs (unidade de contêiner), numa queda de 1% na comparação com o ano anterior.
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Apenas no Porto de Itajaí, abrangendo o cais público e a área arrendada para a JBS, foram 43.783 TEUs movimentados, a maior parte desde outubro, com a volta das operações de contêineres. O volume é 13.000% maior que 2023, ano de esvaziamento do porto, com 334 contêineres operados, mas ainda está abaixo da movimentação esperada pela JBS, de 44 mil TEUs mensais.
Em número de navios, o Porto de Itajaí recebeu 170 cargueiros em 2024, 86 deles na área arrendada. O total foi 81% maior que em 2023, quando teve 94 navios atendidos. No total de cargas, Itajaí teve alta de 189%, passando de 370.882 toneladas em 2023 para 1,07 milhão de toneladas em 2024, entre o cais público e a área da JBS. O resultado foi puxado pelas operações de carga geral, somando mais de 595 mil toneladas no ano passado.
Nova fase com gestão federalizada
Para 2025, com a federalização da gestão portuária, a APS projeta nova fase para o Porto, com a retomada e ampliação das operações e novos investimentos. “O principal objetivo é impor uma visão estratégica focada em elevar a governança, modernizar a infraestrutura portuária e ampliar a movimentação de cargas no Porto de Itajaí”, disse o presidente da APS, Anderson Pomini.
Já o superintendente interino do Porto de Itajaí, André Bonini, aponta que “a expectativa para 2025 é a implementação de melhorias estruturais que aumentem a competitividade do porto, promovendo maior eficiência operacional e atração de novos negócios”.
Conforme a superintendência, o porto segue como um importante complexo portuário do Brasil. “Os números reforçam a importância do porto para a economia regional e nacional, enquanto a administração aposta em novos investimentos e parcerias para impulsionar”, informa.
Só os dados de dezembro apontam para o potencial de crescimento do porto. Os berços públicos e arrendados receberam 34 navios, 17 operados pela JBS e 17 no cais público, sendo o melhor mês do ano. Ainda em dezembro, atracaram outros 12 navios de cruzeiro. A movimentação de contêineres no mês passado também foi a maior do ano (15.216 TEUs), assim como o total de cargas (319.560 toneladas), quase o total de 2023 inteiro.
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No complexo portuário, a Portonave segue dominando a movimentação de contêineres. A empresa fechou 2024 com 1,2 milhão de TEUs, numa queda de 5% na em relação a 2023 em razão das obras de melhorias na metade do cais. A Portonave também teve 12% de participação na operação de contêineres cheios de longo curso, sendo o terceiro maior do Brasil no ranking desse tipo de embarque, além de ser reconhecida pela Antaq como o terminal portuário mais eficiente do país em 2024.
Codetran discute propostas para eliminar filas
A Codetran apresentou soluções para as filas de caminhões que se formam na Caninana em reunião na sexta-feira, com representantes da APS, da Intersindical dos portuários e de entidades do transporte de cargas.
O coordenador da Codetran, Leandro Ferreira, propôs a adequação de um espaço em frente ao porto, no final da avenida Caninana, para ser transformado em estacionamento de triagem. O projeto prevê o asfaltamento da área, criando cerca de 37 vagas para caminhões.
A medida teria como objetivo reduzir os impactos causados pelos veículos estacionados de forma desordenada, melhorando o fluxo numa via essencial para o acesso entre os bairros e o centro da cidade.
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Outro ponto debatido foi um possível convênio entre a Codetran e a Guarda Portuária, inspirado no modelo de Santos, pra que os guardas portuários possam fiscalizar veículos em ruas específicas da área portuária. A proposta será analisada pela Codetran, pelo gabinete do prefeito e pela procuradoria do município.
Como medida imediata, a Codetran sugeriu o uso de uma via alternativa, que já costuma ser usada pra triagem e que não afeta o trânsito na Caninana. A ideia minimizaria os problemas no trânsito e ainda contaria com a APS no fornecimento de uma base de apoio aos caminhoneiros, incluindo banheiros, água e área de descanso.
A base atenderia aos motoristas enquanto aguardam a liberação pra acesso ao porto, numa espera que pode levar horas. A implantação das propostas, principalmente a criação do estacionamento de triagem e o convênio com a Guarda Portuária, dependem agora de análises técnicas e aprovação de outras autoridades envolvidas.
A APS não respondeu ao DIARINHO sobre a questão do trânsito até o fechamento desta matéria. Na reunião com a Codetran, segundo o órgão, a autoridade portuária demonstrou interesse em soluções de curto, médio e longo prazo contra os transtornos no trânsito para caminhoneiros e comunidade.
Mesmo com a federalização da autoridade portuária, o município seguirá o cronograma de projetos e obras de mobilidade pra expansão das atividades portuárias. Sobre os projetos da rua do Porto e da Via Portuária, a secretaria de Urbanismo não se manifestou sobre a situação atual das obras.
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