SANTA CATARINA
UFSC desenvolve satélite para monitoramento público de queimadas
Equipamento pode ser o primeiro do Brasil lançado em órbita a partir do território nacional
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão na fase final de desenvolvimento de um satélite inédito para monitorar eventos climáticos e ocorrências como as queimadas no país, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A ideia é criar uma “constelação” de pequenos satélites para coleta de dados em todo o território nacional.
O projeto é conduzido pelo professor Eduardo Augusto Bezerra, coordenador do Laboratório de Pesquisa em Sistemas Espaciais (SpaceLab), contando com uma equipe de 25 pesquisadores da universidade. O modelo em desenvolvimento é um satélite de pequeno porte, com 20 centímetros de altura por 10 centímetros de largura.
O dispositivo está passando por testes para o lançamento, previsto para março do ano que vem. O projeto começou em 2019 e pretende produzir diversos satélites a partir do modelo para que seja possível fazer o monitoramento em tempo real de ocorrências de queimadas e fenômenos climáticos, prevenindo ou reduzindo os efeitos de tragédias ambientais.
O satélite pode ser o primeiro do Brasil em órbita a partir do território nacional, na base de Alcântara, no Maranhão. Ele vai ficar a 600 quilômetros de altura, gerando informações ambientais de todo o território brasileiro, por pelo menos um ano. Dados importantes para o combate e prevenção de queimadas, como temperatura, umidade e níveis de poluição serão produzidos.
160 mil focos de incêndio no país
Hoje, apenas grandes satélites fazem esse tipo de monitoramento. O Inpe utiliza os equipamentos para acompanhar em tempo real grandes áreas de mata que podem ser alvo de incêndios florestais. Este ano, mais de 160 mil focos de incêndio foram registrados no país.
O monitoramento busca identificar os focos na fase inicial, facilitando medidas de combate mais efetivas pra evitar que o fogo se alastre.
O modelo de satélite em teste na UFSC tem investimento de R$ 500 mil. O funcionamento será com quatro baterias e oito painéis de energia solar. O projeto prevê que os satélites possam ser construídos com custo reduzido e sem depender de grandes centros espaciais, facilitando a criação da “constelação” de pequenos satélites na cobertura do país.
Os dados coletados pelos equipamentos ficarão abertos ao público em geral, podendo ser usados por órgãos como a Defesa Civil na prevenção de desastres. A consulta pública é prevista por meio de plataforma online, que está sendo criada pelos pesquisadores, com versão também em aplicativo para smartphones.
A UFSC integra o Programa Constelação Catarina, criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, para o desenvolvimento de sistemas espaciais e compartilhamento de infraestruturas, dados, serviços e aplicações espaciais.
O primeiro satélite da universidade – o FloripaSat-1 – foi lançado em dezembro de 2019, a partir da base de Taiyuan, na China. O equipamento é um nanossatélite de pesquisa tecnológica, construído em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB).