A apuração levou em conta as denúncias publicadas nas redes sociais e na imprensa.  O despacho do promotor foi assinado ainda na terça-feira.

O MP vai apurar possíveis  desvios de recursos públicos do projeto Casa das Anas, que acolhe vítimas de violência doméstica em Balneário Camboriú e foi idealizado por uma pastora da Bola de Neve, e também do Instituto para Empreendedoras (IPE), que tem a mesma pastora como responsável. O procedimento não tem por objetivo apurar situações internas da igreja.

A notícia de fato é um procedimento do MP que não resulta em processo judicial. Neste caso, o promotor irá fazer uma investigação preliminar para verificar se há elementos suficientes para instaurar um inquérito civil, uma ação civil pública, uma ação penal ou outra medida cabível.

Prefeitura de BC foi acionada

O promotor enviou um ofício para o prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira (PL), e para o secretário de Controle Governamental e Transparência Pública, Wagner Adilson Rogal, para que apresentem documentos de convênios firmados entre o município e as entidades, como credenciamentos, parcerias, termos de fomento, para que sejam prestadas contas de todos os recursos públicos. A prefeitura de BC ainda não se manifestou sobre o assunto.

Acusações de fraudes

No final de semana passado, Marcio Bieda Junior, ex-membro da igreja Bola de Neve, usou as redes sociais para expor denúncias contra a igreja. A primeira postagem exposta no perfil do denunciante foi sobre um salão de beleza da cidade que pertence aos filhos dos pastores que dirigem a Bola de Neve.

Segundo a acusação, a abertura do comércio teria sido possível a partir de doações que deveriam ter sido destinadas ao IPE. O instituto funcionaria como uma extensão do projeto Casa das Anas. Marcio, nas postagens, questiona a prestação de contas dos recursos recebidos pelo projeto.

Depois que Marcio começou a falar sobre o assunto no Instagram, algumas pessoas que também fizeram parte da igreja teriam entrado em contato com ele por direct (mensagens do Instagram) e dado novos relatos. A partir daí, Marcio passou a postar prints dessas conversas, mas sem revelar as fontes.

Em uma das publicações, os pastores da Bola de Neve são acusados de usar as cozinheiras que estariam a serviço do projeto Casa das Anas para trabalhar para a família deles. As mulheres teriam que, diariamente, fazer as refeições da família que seriam entregues na casa dos pastores. O relato diz ainda que o cardápio para os “chefes” seria diferenciado. Ou seja, as cozinheiras fariam um almoço para as “Anas”  e outro para os pastores.

O que diz a pastora

O DIARINHO, desde segunda-feira, tenta contato com a pastora citada nas acusações, mas ainda não teve retorno. Ela deu declarações a outros veículos da imprensa e confirmou que ela e o marido, também pastor e citado, recebiam marmitas da Casa das Anas, mas não sabiam que eram feitas especialmente para eles, como dizem as denúncias. A pastora também teria desmentido desvio de recursos para a abertura do salão de beleza.