A retomada das operações, ainda em contrato provisório, até dezembro de 2025, tem projeção de movimentar 58 mil contêineres por mês, volume acima do mínimo contratual, de 44 mil TEUs, e que supera a média dos melhores anos da antiga operadora.
Considerando o valor de outorga de R$ 60,63 por contêiner, a Superintendência do Porto de Itajaí poderá receber mensalmente R$ 3,5 milhões pelo arrendamento. O repasse deve ajudar na recuperação financeira do porto, que viu a arrecadação despencar com o esvaziamento do pátio.
A crise culminou com a paralisação da dragagem do canal portuário em agosto, após o porto acumular dívida de R$ 35 milhões com a empresa responsável. O serviço tem previsão de ser retomado no final de outubro, a partir de acordo de antecipação de receitas com a Portonave e prorrogação do contrato da dragagem por 12 meses.
A atracação do navio Maersk Lamanai marcou a retomada das operações no terminal pela JBS. Desde julho, porém, a empresa já vinha recebendo cargueiros, com atracação no cais público em parceria com a SC Portos. No período, foram sete navios atendidos com operações de embarque e desembarque nos berços públicos.
A movimentação demonstrou o potencial do porto, agora na expectativa de retomar plenamente as atividades no terminal de contêineres. A JBS iniciou as operações em outubro com três linhas regulares, duas internacionais (Ásia e África) e uma de cabotagem, com quatro armadores: MSC, Hapag-Lloyd, Maersk e Norcoast. Para novembro, é previsto o anúncio de ao menos mais duas linhas.
Novo ciclo para o porto
O diretor-executivo da JBS Terminais, Aristides Russi Júnior, destacou a importância da retomada das operações. “Estamos dando início a um novo ciclo de desenvolvimento, não apenas para a nossa empresa, mas para toda a região de Itajaí. Este é um projeto que vai além das nossas operações, pois seu impacto será sentido na geração de empregos e na dinamização da economia local”, disse.
Para o prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni (MDB), a retomada do porto com a JBS foi fruto de muito trabalho, diálogo e superação de desafios. “O Porto de Itajaí, com sua importância estratégica, volta a pulsar com força, renovando a esperança de crescimento para nossa cidade e região. Seguiremos juntos, trabalhando para que o Porto de Itajaí continue sendo um símbolo de desenvolvimento e de oportunidades para todos”, disse.
O contrato transitório de dois anos poderá ser prorrogado a critério do governo federal. Nesse tempo, o Ministério dos Portos pretende lançar o edital definitivo de concessão do Porto de Itajaí. O arrendamento será de 35 anos, prorrogáveis por igual período, mantendo a autoridade portuária pública e municipal.
O projeto abrange os quatro berços do terminal e a manutenção do canal de acesso. O cronograma inicial da Secretaria Nacional de Portos previa lançar o edital neste mês e o leilão em janeiro de 2025. O órgão não respondeu sobre a situação atual o processo. A concessão vai considerar as sugestões de consulta e audiência públicas feitas no começo do ano e prevê R$ 2,9 bilhões em investimentos no porto.
Prefeito eleito quer destravar projetos na transição de governo
Para o prefeito eleito de Itajaí, Robison Coelho (PL), garantir a renovação do convênio de delegação do Porto de Itajaí é uma das prioridades ainda no período de transição para o novo governo. A assinatura do novo convênio, prometida pelo governo federal em 2023, é necessária pra manter a autoridade portuária pública e municipal.
“Nós já estamos em conversa com representantes do governo federal e já conversamos com diversas autoridades do governo do estado e a nível municipal para que a gente possa pressionar o governo federal para a continuidade da administração pública municipal do Porto de Itajaí’, disse.
Para a renovação, o município ainda precisa transformar a Superintendência do Porto de Itajaí de autarquia para empresa pública, em projeto que já está na Câmara de Vereadores. Em conversa com parlamentares, o prefeito eleito pediu rapidez no trâmite pra aprovação.
“Nós já estamos atrasados nesse processo. Não podemos esperar até no dia 1º de janeiro nós assumirmos a prefeitura para que isso seja destravado”, frisa. Além da mudança jurídica, Robison reforçou o compromisso de campanha de fazer a reestruturação de pessoal na autoridade portuária.
Ele prometeu que a futura empresa pública terá uma equipe enxuta e técnica. “Serão nomeados técnicos, nomes reconhecidos pelo mercado e [terá] uma estrutura mais enxuta, para que não pesem em termos de custos operacionais para as empresas que exploram o Porto de Itajaí”, adiantou.
Robison também comentou que, com a volta operações de contêineres e a recuperação da arrecadação do porto, pretende retomar projetos parados. Entre eles, a revitalização dos molhes norte e sul, o novo terminal de cruzeiros e a segunda etapa das obras da bacia de evolução.
Já nesta temporada de verão, um dos desafios será conciliar os navios de contêineres, de carga geral e de cruzeiros no porto. “Está provado que nós precisamos fazer um píer exclusivo para os navios de cruzeiros. Nós falamos muito disso durante o período eleitoral e será uma prioridade também do nosso governo”, afirmou.