CONGRESSO

Senador de SC diz que não existe “soldada” e leva pito

Jorge Seif foi corrigido publicamente pela deputada Duda Salabert

Senador questionou o tratamento dado pra PM mulher durante CPMI do 8 de janeiro
(foto: Waldemir BarretoAgência Senado)
Senador questionou o tratamento dado pra PM mulher durante CPMI do 8 de janeiro (foto: Waldemir BarretoAgência Senado)
miniatura galeria
miniatura galeria

O senador catarinense Jorge Seif Júnior (PL) disse que a palavra “soldada” não existe e foi corrigido publicamente pela deputada federal Duda Salabert (PDT/MG), que é professora de português, na sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.

A discórdia quanto ao uso da palavra, que é registrada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) da Academia Brasileira de Letras, rolou porque a policial militar Marcela ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

A discórdia quanto ao uso da palavra, que é registrada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) da Academia Brasileira de Letras, rolou porque a policial militar Marcela da Silva Morais Pinno era chamada na audiência pela patente no gênero feminino por parlamentares da base governista.

Continua depois da publicidade

Marcela é cabo da PM do Distrito Federal e prestou depoimento na CPMI porque atuou no batalhão de choque no dia do ataque às sedes dos três poderes. Na ocasião, ela foi agredida ao tentar conter os invasores, chegando a ser jogada de uma altura de três metros da cobertura do Congresso Nacional.

A mudança de gênero para a patente da policial tirou o foco das discussões da CPMI. “Soldado Marcela, soldado. Segundo aqui o dicionário, não existe sargenta, caba, soldada...”, se manifestou Seif, reclamando da palavra “soldada”. Ele estava ao lado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que ria.

Incomodada, a deputada Duda Salabert, que integra a CPMI, corrigiu Seif. Ela ressaltou que é professora de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira há mais de 20 anos e criticou o “negacionismo do dicionário” de bolsonaristas. “Olha o nível de negacionismo que nós estamos passando no Brasil. Se não bastasse negar a ciência, se não bastasse negar a vacina, se não bastasse negar a tentativa de golpe, agora estão negando ou querendo negar os vocábulos que compõem o dicionário da língua portuguesa”, disse.

Duda destacou que a palavra soldada existe sim. “Se as Forças Armadas optam por não utilizar, isso não quer dizer que essa palavra não tenha sido dicionarizada. Então, existe a palavra soldada e fica aqui a minha consideração”, completou. O senador catarinense não respondeu.

Pelo Volp, a palavra soldado não é comum de dois gêneros, registrando a flexão para “soldada” como substantivo feminino. As variantes sargenta, coronela, capitã e generala também são previstas no vocabulário, embora as Forças Armadas não usem as formas femininas. Já a palavra “tenenta” não existe mesmo e patentes como major e cabo não tem variante de gênero.

Questão é ideológica, opina linguista

A professora do curso de Letras da Univali e doutora em estudos linguísticos, Maryualê Malvessi Mittman, analisa que a questão é muito mais ideológica do que linguística. “Toda fala é carregada de ideologia, e a forma soldado e soldada não é diferente. Do ponto de vista gramatical, não há nenhum motivo pra se criticar forma, mas a gente tem que avaliar, do ponto de vista ideológico, porque essa forma incomodou tanto”, observa.

Continua depois da publicidade

Ela acredita que o incômodo tenha sido porque, ideologicamente, a palavra soldada seria alguma afronta à tradição militar, que costuma usar as palavras no gênero masculino. “A tradição das Forças Armadas é uma tradição masculina, em que, por exemplo, as mulheres nem sempre puderam participar. Hoje as mulheres participam, mas elas não podem chegar às mesmas patentes que os homens, então ainda têm um tratamento diferente”, comenta.

Do ponto de vista da gramática, a professora ressalta que não há nada de errado com a palavra  “soldada”. Ela explica que a forma está de acordo com as regras de formação e uso das palavras, fazendo parte de várias flexões no feminino, no caso para patentes militares, mas valendo também como para “presidenta”.

Maryualê lembra que as palavras nascem ou morrem conforme o uso e não dependem de estarem ou não nos dicionários pra serem consideradas apropriadas ou não. “A nossa Língua Portuguesa é uma língua que permite flexão de gênero. Então, se a gente tem o soldado, não há nenhum equívoco gramatical em dizer que nós podemos ter uma soldada”, conclui.

Continua depois da publicidade






Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Paulo Roberto Peruzzo

15/09/2023 13:12

Esse é o nível de uma professora de língua portuguesa, não desmerecendo as professoras que são heroinas para mim, mas daqui a pouco ela irá afirmar que existe "presidenta", se bem que deve ter o mesmo nível de QI que a Dilma, aí estaria justificando.

juarez rezende araujo

14/09/2023 21:28

Nao votei no bolsonaro,ta joia?

D.Souza

14/09/2023 10:30

Eis que surge Sr. Juarez, idólatra de bandido e passador de pano.

juarez rezende araujo

13/09/2023 21:07

Se é soldada ou soldado nao sei.Mas senador da havan que vende caminhão cheio de drogas e barco de pesca que afunda mal entra na água.So conheço um.

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.2


TV DIARINHO


Bene Sobrinho, presidente e um dos fundadores do Barra Futebol Clube, participou do programa Diz Aí!, ...



Especiais

COP30 escancara crise de moradia, energia e água em Belém

CRISE NA MORADIA

COP30 escancara crise de moradia, energia e água em Belém

Entidades vão levar a Lula proposta de Comissão Indígena da Verdade de crimes da ditadura

CRIMES DA DITADURA

Entidades vão levar a Lula proposta de Comissão Indígena da Verdade de crimes da ditadura

MTE perde 19 coordenadores e haverá reação se JBS não entrar na lista do trabalho escravo

Ministro do Trabalho e do Emprego

MTE perde 19 coordenadores e haverá reação se JBS não entrar na lista do trabalho escravo

Gilmar Mendes vira principal alvo de Paulo Figueiredo para Magnitsky nos EUA

Lei Magnitsky

Gilmar Mendes vira principal alvo de Paulo Figueiredo para Magnitsky nos EUA

Amazônia enfrenta escalada inédita de temperaturas extremas em áreas ainda preservadas

NATUREZA

Amazônia enfrenta escalada inédita de temperaturas extremas em áreas ainda preservadas



Blogs

🧠 Saúde mental: mais de 1 bilhão de pessoas afetadas

Espaço Saúde

🧠 Saúde mental: mais de 1 bilhão de pessoas afetadas

Vitor Kley

Blog da Jackie

Vitor Kley

 VOLTA DOS CAFÉS

Blog do Magru

VOLTA DOS CAFÉS



Diz aí

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

Diz aí, Bene!

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

Diz aí, Thaisa!

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

"Comprem em Camboriú porque vai valorizar. Camboriú é a bola da vez"

Diz aí, Pavan!

"Comprem em Camboriú porque vai valorizar. Camboriú é a bola da vez"

"Não pense que eu vou ficar os quatro anos fora da Câmara"

Diz aí, Anna Carolina!

"Não pense que eu vou ficar os quatro anos fora da Câmara"

"Na minha chapa, os candidatos ao Senado vão ser de Santa Catarina"

Diz aí, João Rodrigues!

"Na minha chapa, os candidatos ao Senado vão ser de Santa Catarina"



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.