Colunas


Ideal Mente

Ideal Mente

CRP SC 19625 | Contato: (47) 99190.6989 | Instagram: @vanessatonnet

A ultraviolência cotidiana de Kubrick


A ultraviolência cotidiana de Kubrick

Mulheres estupradas porque usam roupas curtas, homossexuais agredidos por assumirem sua identidade, crianças medicadas por serem agitadas demais, idosos hostilizados por não terem mais uma audição apurada... Na verdade, o motivo da agressão pouco importa, o essencial é poder criticar, julgar e externalizar a raiva, independentemente de quem seja o “alvo”.

No início da década de 70, Stanley Kubrick dirigiu o filme “Laranja Mecânica”, adaptado do livro homônimo de Anthony Burgess. Ele conta a história de Alex, um jovem rebelde e inteligente que, juntamente com um grupo de amigos, tinha por diversão praticar a “ultraviolência”. Esses jovens (todos homens) assaltavam casas, espancavam mendigos e estupravam mulheres por prazer, deixando claro seu cinismo e descaso para com os outros e a sociedade.

As agressões geralmente são direcionadas às minorias hostilizadas, sempre mudando seu público. Leprosos, doentes mentais, negros, homossexuais... Novamente, a minoria em questão pouco importa, desde que sempre haja um grupo para o qual todo instinto agressivo possa se voltar, contando com uma justificativa socialmente aceitável nas propostas de exclusão-inclusão social.

A notícia da adolescente estuprada por mais de 30 homens não parou de circular na mídia. Essa “ultraviolência” é reforçada pela cultura patriarcal e é o último ato do machismo. Afinal, quem nunca ouviu que lugar de mulher é em casa e não no trânsito ou no mercado de trabalho? E as famosas “cantadas de pedreiro”? A cultura da violência é tecida aos poucos, de modo que a mulher sente-se envergonhada por ser vítima de um sistema disfuncional.

O simples fato de justificar uma agressão é tentar “normalizar” uma situação ilegal. Não há justificativa para a intolerância e falta de respeito. A ultraviolência tratada em “Laranja Mecânica” reflete uma educação deficitária e uma desigualdade de gênero absurda. Desde o bullying ignorado na escola até o assédio sexual no trabalho, a sociedade precisa falar sobre o assunto, não apenas reproduzi-lo em campanhas nas redes sociais. É a ação que muda o rumo da intolerância cotidiana.

 


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

A Câmara de Itajaí deve ter mais vereadores?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

STF rejeita marco temporal, mas lei segue com riscos a direitos indígenas

Vitória parcial

STF rejeita marco temporal, mas lei segue com riscos a direitos indígenas

Júlio Lancellotti é calado nas redes enquanto padres conservadores discursam para milhões

IGREJA CATÓLICA

Júlio Lancellotti é calado nas redes enquanto padres conservadores discursam para milhões

Governo consegue aprovar Plano Clima após diluir responsabilidade do agro

PLANO CLIMA

Governo consegue aprovar Plano Clima após diluir responsabilidade do agro

Três meses após sanção da Lei Felca pais não sabem proteger filhos na web

Controle parental

Três meses após sanção da Lei Felca pais não sabem proteger filhos na web

Empresas de festas visam adolescentes e marketing predatório aposta até em porta de escola

NA PORTA DA ESCOLA

Empresas de festas visam adolescentes e marketing predatório aposta até em porta de escola



Colunistas

TCE/SC define prazo sobre emendas parlamentares

Coluna Acontece SC

TCE/SC define prazo sobre emendas parlamentares

Cheiro insuportável em Cordeiros

Charge do Dia

Cheiro insuportável em Cordeiros

Natureza abundante

Clique diário

Natureza abundante

Coluna Esplanada

Tristeza.jus

Coluna Exitus na Política

Mesmo que não seja muito, nós queremos mais




Blogs

Câmara em destaque

Blog do Magru

Câmara em destaque

Galego papai sabe-tudo pode ser estadual

Blog do JC

Galego papai sabe-tudo pode ser estadual

Tem falta de testosterona!?

Blog da Ale Françoise

Tem falta de testosterona!?

A demagogia do “cuidado” e o medo disfarçado de virtude

Espaço Saúde

A demagogia do “cuidado” e o medo disfarçado de virtude

O frescor da noite e o calor da vida: Um haicai sobre o milagre do nascimento

VersoLuz

O frescor da noite e o calor da vida: Um haicai sobre o milagre do nascimento






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.