Ideal Mente
Por Vanessa Tonnet - Vanessatonnet.psi@gmail.com
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E quem cuida de quem cuida?
Desde que nascemos estamos sendo cuidados. E, por mais independentes que sejamos ao longo da vida, chegará o momento em que precisaremos de alguém ao nosso lado para nos fornecer assistência.
Se você é profissional da saúde, trabalha cuidando de pessoas doentes ou está assistindo algum familiar adoecido, esse texto veio ao seu encontro em um bom momento.
Seja por escolha ou pela inevitabilidade da vida, imagino que, muitas vezes, o trabalho de cuidar seja bastante exaustivo. Falo isso porque, diante todos esses anos atuando como psicóloga e principalmente quando trabalhava num setor hospitalar, me sentia em alguns momentos cansada: e está tudo bem. Não sou uma espécie de super-heroína inabalável e incapaz de sentir alguns baques da profissão que escolhi. Nem você.
Quem cuida sabe que o conhecimento técnico não é o suficiente. Não basta saber trocar uma fralda, preparar um alimento adequado ou fazer um curativo: estamos lidando com pessoas, suas histórias e seus sentimentos. Por trás de um diagnóstico há toda uma vida a ser contada e memórias a serem honradas. Sendo assim, é inevitável não nos envolvermos emocionalmente com quem está sob nossos cuidados. Não existe a possibilidade de chegarmos em casa e simplesmente desligarmos o botãozinho que nos conecta com aquela pessoa.
Torcemos pela melhora, por dias melhores. Mas, infelizmente, há muitos casos difíceis em que não há nada que possamos fazer a não ser cuidar da maneira mais íntegra e presente possível.
Há situações em que estamos tão entrelaçados com as pessoas que cuidamos que deixamos de lado uma parte de nós. Aquele espaço de nós que gosta de caminhar no final do dia, que se alimenta de forma saudável, que lê bons livros antes de deitar-se. Estamos tão obstinados a cuidar que a pessoa mais importante de nossas vidas fica em segundo plano: nós mesmos.
Isso é bem comum de acontecer. Mas é preciso se prevenir para evitar o esgotamento do corpo e da alma. Dedique-se ao seu trabalho com toda a amorosidade que existe dentro de você, mas lembre das coisas que gosta e que te fazem feliz. Olhe com mais carinho para dentro de si.
Quando estamos alinhados com o que nos faz bem, somos capazes de expressarmos o melhor de nós e de nos dedicarmos ao cuidado com o corpo e a mente saudáveis.
Como eu disse, não há um botão de liga e desliga. Mas precisamos avaliar o quanto essas histórias estão impactando nossa saúde emocional. Por vezes se faz necessário um suporte psicológico, por exemplo. E não há problema nenhum nisso: isso não é sinal de fraqueza, muito pelo contrário. É sinal que você cuida de você.
Cuidamos do outro por amor, por necessidade, por respeito e por compaixão. E é isso que merecemos também.
Queira o bem de todos os seres. Isso inclui você” - Monja Coen