Os atenuantes partem de quem se encontra na faixa dos 40 anos para cima e enxerga o seu tempo com a trave do saudosismo nos olhos.
Não precisa ter raiva desse discurso, mas sim compaixão por essas pessoas que amenizam a violência psicológica pregressa.
No fundo, não descobriram o quanto foram feridas, ou travadas por eles. Talvez não tenham experimentado o socorro de uma terapia. Muitos são sobreviventes das humilhações na escola e no bairro e não têm ideia dos traumas que levam por baixo das lembranças. Não têm noção de como suas existências seriam outras se não tivessem sofrido perseguições em sua fase primordial de formação da personalidade.
Isso porque a “Olívia Palito” da infância passou a sua adolescência procurando adequar seu corpo ao padrão impossível de beleza. Porque o “aeroporto de moscas” da infância amargou uma guerra desnecessária contra os seus cabelos pelo resto de sua história.
O terror começava pelos apelidos e se estendia à exclusão dos grupos sociais.
Não havia como se sentir desejado, inserido. Talvez era mais tranquilo antes porque não era certo falar como se sentia, virava mais chacota ainda. Muitos após o bullying podem sentir que não são bem-vindos ao mundo, e quando se passam mais uns anos começam, nos relacionamentos, a viver implorando por uma atenção, aprovação e carinho a qualquer custo. Não preenchendo as lacunas da falta de confiança.
O bullying sempre foi violento à saúde mental e agora é monstruoso pelos tentáculos onipresentes das redes sociais. Nunca aconteceram tantos suicídios por fake news, nunca aconteceram tantas perdas por exposição imprópria de nudes nos grupos de WhatsApp, especialmente de ex-companheiros amorosos querendo se vingar pelo término do relacionamento.
Atualmente o bullying virou crime.
Então, que ninguém mais fale que é exagero. É caso de saúde pública, de epidemia, muito além dos muros das escolas.
A nova legislação que trata da proteção à criança e ao adolescente foi aprovada no Congresso em dezembro e sancionada pelo presidente atual, Luiz Inácio Lula da Silva.
Não resolve as tensões, mas aponta um caminho de seriedade e rigor com a penalização das práticas de ódio e de discriminação.