Ideal Mente
Por Vanessa Tonnet - Vanessatonnet.psi@gmail.com
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O valor do apego na era do desapego
Reduzir, reutilizar, reciclar... lema que deveria ser aplicado apenas aos bens de consumo passou a ser utilizado também nas relações sociais. Cada vez menos amigos, mais colegas de redes sociais, ou do trabalho temporário, maior quantidade de “relacionamentos líquidos e abertos”... Bem-vindos à era do desapego!
Atualmente se prega a prática do desapego e a independência emocional... tudo que diminua o sofrimento. Devemos nos valorizar, ser otimistas e independentes, então é melhor nem pensar em depender dos outros para sermos felizes, certo?
Na verdade, não é bem assim... O estudioso psiquiatra e psicanalista John Bowlby considera o apego como uma característica inerente ao ser humano e tem por função a necessidade de proteção e segurança. Em sua teoria, o bebê desenvolve um comportamento de apego para com o cuidador, desenvolvendo maior vínculo conforme esse cuidador responde ao bebê satisfazendo suas necessidades básicas.
O psicanalista Donald Winnicott complementa essa teoria com o conceito de “mãe suficientemente boa”, ou seja, aquela atenta e capaz de compreender as necessidades da criança e corresponder a elas. De modo geral, se a mãe é suficientemente boa, há criação de um bom vínculo e consequentemente de um apego seguro, caso contrário, existe o apego inseguro. Em suma, crianças com apego seguro apresentam maior autoconfiança na vida adulta.
Esse vínculo entre mãe e bebê é construído e desenvolvido de modo que a criança consiga sentir segurança quando o cuidador não está por perto. A criança passa a entender que os pais saíram, mas voltarão para casa depois do trabalho, criando um ambiente confiante. Quando há o apego inseguro, ora o cuidador atende às necessidades do bebê, ora as ignora, não desenvolvendo um padrão de resposta para os comportamentos da criança, levando ao desenvolvimento de insegurança.
Portanto, esse apego seguro é essencial para a criação de vínculos e desenvolvimento da noção de autoconfiança do indivíduo. Quanto ao desapego, que ele seja praticado com todas aquelas “bugigangas” que guardamos no fundo do armário há anos, com dó de jogar fora, e com questões que não sejam mais benéficas e saudáveis na sua vida.