A eliminação do Marcílio Dias, nas quartas de final, do Campeonato Catarinense é o resultado de uma série de erros que destacamos ao longo da competição, mas que não foram corrigidos e custaram caro, incluindo a perda da vaga no Brasileiro da série D de 2023. A eliminação passa pela incompetência coletiva de diretoria, comissão técnica, departamento de futebol e jogadores. Começou antes do Catarinense, com a montagem de um elenco com pouca qualidade técnica e poucas peças de reposição, resumido a um time titular suficiente para evitar o rebaixamento, mas sem opções técnicas, no banco de reservas, para brigar por uma vaga nas semifinais. A classificação do Camboriú para a semifinal foi justíssima pela organização e qualidade técnica da Cambura, muito pela competência dos seus dirigentes e da sua comissão técnica na montagem do time. Não fosse a falha bizarra do goleiro Gabriel Felix e a desatenção do Camboriú no final, o time da casa teria vencido o jogo facilmente por 3 a 0 no estádio das Nações no sábado E, se tivesse forçado mais no ataque, poderia ter feito até um placar mais dilatado. Todos sabem que o momento financeiro do Marcílio Dias não é dos melhores, mas não dá pra jogar a responsabilidade sempre nas finanças. Tanto é que, em anos anteriores, o Marinheiro foi mais competitivo, com recursos parecidos, como estão sendo Camboriú e Concórdia agora, ambos semifinalistas do Catarinense nessa temporada.

Falhas repetidas

O técnico Fernando Tonet se mostrou uma pessoa diferenciada fora de campo, sempre muito educado e honesto, mas ele, junto da comissão técnica, tem grande responsabilidade na eliminação do Marinheiro. Durante todo o campeonato, foi destacado a fragilidade defensiva do Marcílio, principalmente pelo lado esquerdo, e nada foi feito. No jogo contra o Camboriú, novamente, o time tomou um gol por aquele lado antes dos 10 minutos de jogo. Aliás, tomar gol nos primeiros 15 minutos foi outro defeito que o Marinheiro apresentou ao longo de todo o Catarinense, e que não conseguiu resolver. Quando Zé Vitor está pouco inspirado, como no jogo de sábado, em que perdeu um gol inacreditável, a situação do Marcílio se complica. Sem Victor Guilherme, então, o Marcílio fica dependendo de uma bola parada e de uma eventualidade, como aconteceu nos dois gols em BC, para chegar à meta adversária com perigo.

Faltou elenco

Tonet tem responsabilidade, mas o elenco, que foi disponibilizado pra ele, também não ajudou. Com jogadores titulares fora, como Victor Guilherme e Edimar, a situação se complica ainda mais. Muitos jogadores caíram de rendimento ao longo do campeonato, em especial Julinho, Douglas Packer e Klenisson, mas, no banco, não havia nenhuma opção melhor pra buscar a titularidade. Nesse ponto, a diretoria deixou o treinador à deriva, porque, mesmo ao longo da competição, o Marcílio não foi buscar peças de reposição. O único a chegar foi o atacante João Carlos, mas que também não mostrou grande qualidade técnica para ser usado como titular já nos jogos decisivos.