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Pobre Princesa!


A Princesa enlouqueceu na noite do Réveillon. Um temporal como poucos já vistos arrastou pelas areias da praia do Laranjal as estruturas para o show musical que seria iluminado por uma queima de fogos de 25 minutos. No dia seguinte, os banheiros químicos desmantelados estavam a centenas de metros de distância. Mas não foi a força da natureza que me impressionou nesta visita que fiz a Pelotas, a Princesa do Sul, no extremo do país. Foi algo ainda mais inacreditável.

Pelotas, neste ano de 2012, comemora 200 anos de fundação. Cidade elitizada, vista pelos gaúchos como chique e de população refinada, atualmente é uma vaga lembrança dos tempos em que a cultura era o bem mais precioso.

Com todo este histórico, supõe-se que há muito cuidado para preservar as lembranças e vestígios desse passado tão rico. Mera suposição. Pois o que o recém-chegado contempla é um cenário de abandono. Os prédios antigos desmoronam como se feitos de açúcar. Mas se estava ruim, ainda pode ser pior. E que este pior sirva de alerta a todos nós, moradores de outras cidades.

No ano passado, as historiadoras Nádia Coelho e Beatriz Loner botaram a boca no mundo sobre uma situação por elas assistida contra o patrimônio da cidade, talvez do mundo, tal seu valor. Cerca de 10 toneladas de livros, brochuras, jornais e semelhantes que estavam armazenados no porão da Biblioteca Pública Pelotense foram descartados em caminhões e carroças como material inservível, e isto elas e outras pessoas viram.

“Eu vi jornais inteirinhos naquele caminhão. Vi livros inteirinhos em carroça. Vi a venda de Diários Oficiais da década de 1920 na porta de um sebo no centro da cidade. Eu vi livros do século XIX, em francês, alemão, espanhol sendo vendidos na internet”, lamenta Nádia.

O que tudo isto que acontece em Pelotas tem a ver com Itajaí ou qualquer outra cidade brasileira? Tem tudo a ver, gente. Se não nos interessarmos pela preservação do patrimônio recebido das gerações anteriores à nossa, corremos o risco de um dia não termos referências sobre o passado das pessoas e dos lugares. Como se eles nunca tivessem existido.

Que o lamentável episódio ocorrido nas terras gaúchas nos sirva de alerta antes que tenhamos que lamentar o vendaval destruidor da cultura – a ignorância.

 


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