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O país das greves!
As primeiras greves tupiniquins surgiram ainda no século 19, contudo, o primeiro grande movimento de paralisação da indústria e comércio ocorreu em julho de 1917, em São Paulo. Este movimento foi um marco da politização dos trabalhadores brasileiros, liderado por trabalhadores que eram adeptos de ideologias socialistas.
Reivindicavam melhores salários, condições do ambiente de trabalho, vantagens materiais e o reconhecimento ou aplicação prática de alguns direitos. Muitas décadas se passaram e estas reivindicações permanecem atuais!
As greves têm ocorrido em todo o país, nos mais diversos setores, da esfera pública à esfera privada, do pequeno ao mais alto cargo, trazendo à tona os inúmeros problemas que assolam a classe trabalhadora.
Os prejuízos são incalculáveis, pois alguns segmentos são essenciais para o desenvolvimento econômico do país; apesar de algumas atividades consideradas essenciais permanecerem em funcionamento, ainda assim os danos são inevitáveis.
A título de exemplo, somente neste ano, observamos as greves de professores federais e estaduais, greves operárias (transporte e energia), a greve dos Correios e a mais recente greve dos bancários.
Não bastasse isso, observamos agora indícios de um movimento de paralisação dos juízes federais, os quais reclamam por medidas de proteção dos magistrados e pela recomposição monetária de seus salários.
Sem dúvida, o poder judiciário foi surpreendido com a proposta de orçamento que não inclui o reajuste salarial, o custo total do aumento atingiria R$ 8,350 bilhões, mesmo a presidenta tendo recebido ofício pessoal do presidente do STF.
Diante deste contexto, é importante se fazer uma reflexão utilizando o Relatório da Justiça em Números - 2009, o qual apresentou dados relevantes do poder judiciário. Dentre as informações significativas da pesquisa, está a de que o poder judiciário também arrecada ganhos significativos para o Estado; somente em 2009 foram arrecadados R$ 19,3 bilhões em receitas de execuções, ou seja, aproximadamente 51,8% dos valores gastos pela Justiça foram devolvidos aos cofres públicos.
Também ficou constatado que somente a Justiça Federal arrecadou R$ 9,2 bilhões, cerca de 48% do total; assim, apesar dos dados terem sido colhidos em 2009, obviamente notamos que a paralisação dos juízes federais poderia implicar sérios prejuízos ao orçamento do governo, um cálculo simples.
Por outra banda, o país também observa o empréstimo bilionário de US$ 14 bilhões de dólares do Brasil, por intermédio do FMI (Fundo Monetário Internacional), para ajudar os países desenvolvidos vítimas da crise que ajudaram a criar.
Novamente o brasileiro assiste o descompasso entre as decisões do governo e as necessidades da população.
* O autor é advogado