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Um pouco de felicidade


Nascer... Pisar descalço a terra nua... Dar boas vindas à primavera... Conversar com os passarinhos... Quando criança, ter lançado barquinhos de papel na enxurrada... Chupar manga no pé... Correr entre canteiros de morangos... Beijar uma criança... Ver estrelas em noite de tempestade... Ler um livro de Dostoiévski... Respirar o aroma das florestas... Evitar pessoas vis... Assistir a cerimônia de cremação de um corrupto (vivo)... Ser ético... Inviabilizar a viabilidade de toda e qualquer decomposição moral... Sexo com amor... Não desejar a mulher do próximo, mesmo quando o próximo estiver distante... Fazer “xixi’ quando a bexiga diz: “não agüento mais”... Ingerir uma bebida boa... Beber água da bica... Saborear a diversidade de pratos da nossa gastronomia... Rir... Chorar de alegria... Tomar a chuva no rosto... Lembrar dos amigos queridos que partiram... Saber que a morte é um estado de espírito... Ser gentil com as pessoas... Na imagem invertida refletida no espelho, reconhecer um rosto cordial... Dormir com a chuva caindo no telhado... Ter a perspectiva do luar, refletido em superfícies líquidas transcendentes... Despertar de um pesadelo quando a lâmina da guilhotina estiver a 1 centímetro de seu pescoço... Sonhar um sonho bom... Contemplar um pôr de sol... Tomar um Chivas 12 anos ouvindo a voz suave de Madeleine Peyroux... Jamais ouvir Zezé de Camargo e Luciano... Cuspir, quando estiver com “pigarros” na garganta... Durante uma gripe forte, ter ejaculações nasais espontâneas e múltiplas... Respeitar os animais... Ignorar os políticos... Nunca comparecer ao funeral de um canalha... Tomar banho de cachoeira... Abster-se de toda insensibilidade e de qualquer comportamento sórdido (desculpem! comecei a ficar erudito. É o vinho)... Fazer a leitura de objetos quânticos... Entender que a linearidade é utópica...Zelar pela não fragmentação da perenidade... Não dinamitar as pontes da dialética (calma! Já está acabando o vinho)... Compreender que o segredo da acumulação primitiva se contrapõe a acumulação do capital, que por sua vez pressupõe a mais valia. Fica claro, pois, que a acumulação primitiva precede à acumulação capitalista, não sendo resultado do modo de produção capitalista, mas sim seu ponto de partida... Perceber que a taxa de mais-valia não é M sobre C ou M sobre C+U, mas é = M sobre U... Ter consciência do capital como um valor que percorre uma seqüência de transformações interligadas e reciprocamente condicionadas a uma série de metamorfoses, que constituem outras tantas fases ou estágios de um processo global... Comer tutu de feijão com torresmo (pronto! Acabou o vinho. Não doeu nada, viu?)... Ouvir o ruído murmurante de um riacho de águas límpidas, que nasce no alto dos montes; fio de platina suspenso no ar, escorrendo sobre muros de ouro, até despencar no teatro aterrador da pedra vazia... Morrer... Pisar descalço estrelas nuas...

* O autor é jornalista


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