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A desigualdade e a educação
Nada pode ser tão atual no Brasil quanto se falar em sistemas caóticos (sistema de tributos, educação, política, sistema social, prisional, etc.). Por isso me atenho a educação e a sua ligação com a desigualdade.
Nosso GINI (índice que mede a desigualdade social) é pior que a maioria esmagadora dos países da África setentrional. Países como Suécia, Holanda e Estados Unidos fecham presídios e concedem liberdade a seis mil presos. Seguimos o caminho inverso: fechamos escolas e abrimos vagas em presídios, mesmo sabendo que o custo de um estudante para o Estado brasileiro é cerca de 10 vezes menor que o de um presidiário que nos custa 200 mil reais ao ano.
Não precisa ter mais que dois neurônios para saber que a desigualdade é a raiz do problema.
A única maneira de se igualar pessoas é por meio de educação em massa e de alta qualidade. Depois de recebê-la, aí a distinção de habilidades vem ao natural, cada qual escolhendo seu caminho de mais ou menos sorte.
Talvez a educação, me cobrem os leitores, não seja oriunda apenas da escola, combinando ela, a família, traços próprios de personalidade e eventos rotineiros da vida que também têm poder fulminante de educar seres.
Mas pais deseducados educando filhos não me parece o pior dos problemas. Uma escola em tempo integral e de alta qualidade seria determinante inclusive para a educação dos pais deseducados. Quem não viu um pai deseducado sendo repreendido pelo filho pequeno quando joga um papel na rua ou não usa o cinto de segurança no carro?
Desperdiçam-se milhões pelo ralo na República para igualar as pessoas e o resultado é exatamente o oposto do que se pretende. Não precisaríamos criar uma secretaria de política para mulheres com orçamento de mais de uma centena de milhões se a criança fosse educada para uma cidadania igualitária entre sexos, cor da pele, etc. Também não seria necessário gastar com guarda de trânsito quando as pessoas são educadas para respeitar o outro na faixa de segurança. E assim sucessivamente o dinheiro vai sendo desperdiçado sem que se igualem pedestres, motoristas, mulheres, homens, etc.
Mas não queremos perceber isso, não nos interessamos por um país melhor, afinal somos gigantes em reclamar e ratos em agir. A França do Século XVIII estava muito à frente do Brasil do Século XXI, ao menos em termos de coragem e atitude.
Enquanto não cobrarmos o preço de quem devemos cobrar, continuaremos a receber a conta para pagar e moraremos nesse verdadeiro esgoto de desigualdade.