O anúncio de Trump prevê tarifa de 50% nas exportações do Brasil para os EUA, com aplicação mantida a partir de 1º de agosto. Nesta segunda-feira, a Fiesc já faz a primeira reunião aberta do comitê, com participação de empresas exportadoras de SC. A ideia é elaborar propostas pra minimizar os efeitos do tarifaço na economia de SC.
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Na reunião ainda será lançada pesquisa para medir os impactos da entrada em vigor das tarifas sobre o setor industrial, que tem empresas entre os principais exportadores do país e é o segundo que mais emprega no estado. A entidade vai ouvir os empresários e a pesquisa dará base pra medidas da indústria contra a crise. “A mobilização dos industriais exportadores e a participação na reunião e na pesquisa são essenciais para que todas as perspectivas sejam consideradas, e dados robustos e confiáveis possam embasar as demandas para mitigar os impactos na economia de Santa Catarina”, avalia o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.
Segundo a entidade, os setores de madeira, móveis, eletroeletrônicos, máquinas, autopeças e motores elétricos são os mais vulneráveis ao tarifaço. Eles representam cerca de 40 % das exportações catarinenses para os Estados Unidos e já sofrem reflexos nas atividades desde o anúncio de Trump.
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Na região norte do estado, São Bento do Sul e Campo Alegre, que são polos moveleiros, cerca de metade das empresas pararam a produção voltada para as exportações aos EUA. No oeste catarinense, o grupo Ipumirim, gigante do setor madeireiro, anunciou férias coletivas para 550 funcionários. “Essa medida visa aguardar que ambos os governos cheguem a um acordo, permitindo que as atividades comerciais continuem fluindo”, disse comunicado.
Em busca de uma solução contra o tarifaço, uma comitiva do Senado viajou para os EUA para uma série de reuniões no congresso norte-americano.
No grupo está o senador catarinense Esperidião Amin (PP). Ele comentou que a taxação de 50% imposta aos produtos brasileiros afeta setores estratégicos da economia, como o agronegócio, o comércio eletrônico e a indústria. “O diálogo franco e técnico com as autoridades americanas é fundamental para defender empregos, investimentos e a competitividade das nossas empresas. E também afeta os EUA, uma vez que muitos dos produtos exportados pelo Brasil são matéria-prima para produtos norte-americanos”, disse.
WEG impactada
Conforme bancos consultados pelo portal Infomoney, em SC as multinacionais WEG e Tupy estão entre grandes indústrias que poderão ter ações afetadas pelo tarifaço. O banco de investimentos do Bradesco alertou que os impactos serão maiores em setores que já sofrem taxação, como autopeças.
No caso da WEG, o banco estima que cerca de 9% da receita total da companhia venha das exportações brasileiras para os Estados Unidos. Considerando que a empresa tem fábricas norte-americanas, além de unidades no México, a avaliação aponta que a produção local pode ajudar a reduzir os efeitos das tarifas contra o Brasil.
O banco avaliou que o mercado aquecido do setor de transmissão e distribuição pode fazer com que as exportações brasileiras da empresa sejam direcionadas pra outros países. Na semana passada, um diretor da WEG afirmou ao jornal O Estado de São Paulo que a empresa planeja mudar rotas de exportação, como para o México e Índia.
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Para o Itaú BBA, a companhia teria capacidade de minimizar os efeitos com a realocação da produção para unidades estrangeiras. Segundo o banco, considerando que a empresa tem cerca de 25% da receita vindas da América do Norte, a estimativa é que 7% do faturamento total sofreria impacto das novas tarifas, relativos aos produtos fabricados no Brasil.