Santa Catarina entrou em alerta máximo e intensificou a defesa sanitária após a China suspender a habilitação de 51 frigoríficos brasileiros de carne de frango e derivados, sendo 14 deles em território catarinense. A decisão dos chineses foi tomada após a confirmação de um foco de gripe aviária (IAAP) numa granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul.

A suspensão dos embarques segue o protocolo sanitário firmado entre Brasil e China, que exige a paralisação imediata das exportações em caso de doenças de notificação obrigatória, como a gripe aviária. A medida está registrada desde sábado na plataforma oficial da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC).

Frigoríficos catarinenses atingidos pela suspensão chinesa

Dos 51 frigoríficos suspensos, 14 ficam em Santa Catarina, que é o segundo maior exportador de carne de frango do país. As plantas afetadas estão em Concórdia, Nova Veneza, Quilombo, Forquilhinha, Maravilha, São José, Seara, Itapiranga, Xaxim, Videira, Itajaí, Guatambú e Chapecó.

Além de SC, a lista inclui 21 unidades do Paraná — líder nas exportações — e oito do Rio Grande do Sul, onde o foco foi identificado. Esses oito frigoríficos já estavam suspensos desde julho de 2024 por causa de um caso da Doença de Newcastle.

Governo de SC atua para conter danos e proteger mercado

A confirmação do foco no estado vizinho foi na quarta. No dia seguinte, o governador Jorginho Mello (PL) acionou a diplomacia brasileira e representantes nos Estados Unidos para acompanhar os impactos no setor.

Já na sexta, a Secretaria da Agricultura e Pecuária (SAR) e a Cidasc publicaram a Nota Técnica n.º 002/2025, proibindo a entrada de cargas vindas de 13 municípios da zona de contenção, entre eles Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, Gravataí e Montenegro. “Santa Catarina é o segundo maior exportador de carne de frango do Brasil, graças às normas de biosseguridade na avicultura e ao trabalho da defesa sanitária por meio da Cidasc. Seguindo as orientações do governador Jorginho Mello, estamos vigilantes e reforçando todas as medidas para impedir a entrada dessa doença no estado. Precisamos que cada um faça a sua parte”, afirmou o secretário da Agricultura, Carlos Chiodini.

Fiscalização e barreiras reforçadas nas fronteiras

A Cidasc intensificou o controle nas divisas com o Rio Grande do Sul, com as seguintes ações:

• Análise da movimentação de animais e produtos avícolas vindos da região do foco

•  Inspeção documental e física rigorosa nos postos fixos de fiscalização agropecuária no Sul do estado

• Vigilância ativa em propriedades catarinenses que receberam aves do RS nos últimos 30 dias

• Atenção redobrada dos veterinários da Cidasc a sintomas da síndrome respiratória e nervosa, relacionada à gripe aviária

“É importante avisar a Cidasc em caso de suspeita de doença nas aves ou de alta mortalidade, além de cuidar muito da biosseguridade da produção. Cuidados com a água, a ração, telas, calçados e roupas; não permitir visitas aos aviários. Aves de subsistência devem ficar fechadas em local telado, já que o vírus está circulando e é necessário manter as aves silvestres afastadas. A carne de aves e ovos não transmitem a doença ao ser humano, podem ser consumidos normalmente”, disse a presidente da Cidasc, Celles de Matos.

Governo federal tenta liberar exportações parciais para China

 O governo brasileiro comunicou oficialmente à China que a suspensão dos embarques foi adotada de forma cautelar desde 15 de maio, data da confirmação do foco. Até o fim da noite, os chineses não haviam respondido ao Ministério da Agricultura.

A expectativa é negociar a regionalização da suspensão, limitando o embargo às áreas afetadas. A liberação só deve ser considerada 28 dias após a desinfecção do local da ocorrência.

A China é o maior comprador de frango brasileiro, responsável por 13% das exportações. De janeiro a abril deste ano, o país asiático importou 192 mil toneladas, movimentando US$ 455 milhões. Em 2024, o Brasil vendeu 561 mil toneladas à China, com receita de US$ 1,288 bilhão.

Entenda o que é a IAAP e como identificar os sintomas

 A Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) é uma doença viral que atinge aves domésticas e silvestres, com alta taxa de transmissão e mortalidade. O risco para humanos é baixo, restrito a quem lida diretamente com aves doentes ou mortas.

Produtores devem observar sinais como:

- Dificuldade respiratória
- Secreção nos olhos
- Andar cambaleante ou torcicolo
- Morte súbita de várias aves

Casos suspeitos devem ser comunicados imediatamente à Cidasc pelo sistema e-Sisbravet (bit.ly/notificarcidasc) ou nos escritórios regionais.