Trama macabra
Empresário é preso em Navegantes após matar morador de rua, amputar dedo e simular a própria morte
Edilson, acusado de golpe na região de Lages, carbonizou morador de rua dentro da sua S10
Juvan Neto [editores@diarinho.com.br]

A semana terminou em Navegantes com a prisão do empresário Edilson Peter, 41 anos, autor de um enredo macabro no mundo do crime. Acusado de aplicar um golpe numa empresa de energia solar de São Cristóvão do Sul, a 70 quilômetros de Lages, teria forjado por duas vezes a própria morte – ele arrancou os próprios dentes e um dedo para eventual exame de DNA, e ainda matou um morador de rua carbonizado dentro do seu carro.
Edilson e um comparsa de 38 anos foram presos em Navegantes 13 dias após o crime. Na sua cidade de origem, o empresário armou uma sessão de tortura contra si mesmo, fez divulgar em redes sociais a própria morte dentro de sua caminhonete S10 (onde, na verdade, estava o cadáver do morador de rua Vanderlei Weschenfelder, 59 anos) e ainda se automutilou na tentativa de dar credibilidade ao golpe.
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De acordo com a Polícia Civil, após a prisão, em Navegantes, Peter e o comparsa ficaram em silêncio durante o interrogatório e foram encaminhados ao sistema prisional. A jornalista Sofia Meyer, do portal G1, apurou que as investigações apontaram que Vanderlei, o morador de rua, era quem estava no carro carbonizado.
O delegado Fabiano Toniazzo, que assumiu as investigações, pontuou que Edilson cortou parte do próprio dedo e arrancou dois de seus dentes, a fim de provar a suposta tortura. A imprensa da região de Lages, Otacílio Costa e Campos Novos chegou a noticiar a morte de Vanderlei como se fosse a do empresário desde 12 de fevereiro – a caminhonete S10 foi encontrada na BR 470, com o corpo, no dia 15.
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A Polícia Civil ainda reforçou que devido às dívidas que contraiu, Edilson optou por criar os falsos sequestro, tortura e homicídio. Ele era dono de uma empresa de placas solares que teria lesado vários clientes na região.
Peter chegou a contatar supostos sequestradores que mandaram mensagens aos familiares do empresário, além de um vídeo onde parte do dedo de Edilson aparece sendo cortada. E um vidro com o dedo foi jogado contra a parede da casa da namorada de Edilson.
Nova narrativa e automutilação
A polícia, entretanto, detalhou que a morte do morador de rua era a primeira simulação do falso crime; o empresário teria começado a imaginar que a narrativa não daria certo, e aí decidiu a segunda etapa, com a automutilação, para tentar dar credibilidade ao fato – talvez, na visão da Divisão de Investigação Criminal (DIC), tentando emplacar a ideia de um segundo homicídio, no qual ele realmente teria sido morto.
As investigações levaram a DIC até Navegantes, e neste ponto a Polícia Civil já tinha as prisões preventivas expedidas e mandados de busca e apreensão. A defesa dele declarou, em nota enviada ao G1, que tomou ciência das informações somente no dia da prisão e que não teve acesso ao inquérito policial. Diante disso, vai aguardar futuras diligências para se posicionar.