O processo foi aberto no final de outubro, a partir de reclamações com as quedas de energia após temporais no dia 24 de outubro, com as cidades da região de Itajaí entre as mais afetadas no estado. Na ocasião, os apagões deixaram mais de 200 mil casas sem luz em Santa Catarina, sendo 120 mil delas em Itajaí. Os municípios de Florianópolis, Mafra e Lages também foram prejudicados.
O MP quer esclarecer as causas dos problemas e analisar as medidas adotadas pela Celesc pra evitar repetições dos apagões. Em novembro, a região de Itajaí voltou a sofrer com as quedas de energia. No último dia 20, foram mais de 23 mil casas sem luz, após ventania de 90 km/h. Moradores reclamaram da demora da Celesc em restabelecer a luz, em alguns casos com mais de 24 horas de espera.
Segundo a promotoria, a Celesc já prestou informações sobre os problemas em outubro, como o número de unidades consumidoras afetadas, os períodos de interrupção e as causas das falhas. “As respostas estão em análise para posterior adoção das medidas cabíveis”, informou o MP. Também foi questionada a existência de planos preventivos, manutenção periódica da rede elétrica e canais de comunicação direta com a população.
De acordo com o promotor Wilson Paulo Mendonça Neto, “a avaliação visa promover melhorias nos serviços prestados, garantir a segurança e prevenir transtornos em situações futuras, em conformidade com o Código de Defesa do Consumidor”. Uma reunião com a Celesc tá pra ser agendada no início do próximo ano para discutir ações que possam ser adotadas.
Média de 30 mil quedas de energia por mês
Conforme dados da Celesc, as ocorrências de quedas de energia registradas em Santa Catarina diminuíram no estado nos últimos três anos. Em 2022, o total foi de 291 mil, contra 258 mil neste ano, até novembro. No ano passado, o registro foi de 272 mil casos. Em média, são 30 mil ocorrências por mês, número variável conforme as condições do tempo.
A empresa listou as principais causas dos apagões no estado. Em primeiro lugar aparece vegetação na rede, seguida de batidas em postes e programações para ampliações e melhorias no sistema. Acidentes com animais e condição climática adversa completam os culpados.
Cerca de 140 mil endereços ficaram sem energia na região no fim de semana
A região de Itajaí enfrentou no sábado mais um apagão. O problema afetou cerca de 140 mil endereços, com as cidades de Balneário Camboriú, Navegantes, Camboriú e Itajaí entre as mais prejudicadas. Foram duas quedas de energia durante o dia. A primeira, no início da tarde, com mais de seis mil unidades consumidoras às escuras, quase cinco mil delas em Balneário Camboriú.
Já por volta das 19h30, o apagão foi pior e atingiu 139.281 endereços, quase 49 mil deles em BC, deixando o centro e a avenida Atlântica na escuridão, e mais de 43 mil casas em Navegantes. Itajaí, Ilhota e Penha também ficaram com milhares de unidades às escuras. Em Balneário, a energia voltou depois das 20h. Em Navegantes, o retorno foi só por volta das 21h30.
Conforme a Celesc, duas linhas de transmissão tiveram problemas, deixando as subestações de Navegantes, Salseiros e Camboriú sem energia. A causa, porém, não foi esclarecida, mas estaria ligada às chuvas e ventania ocorridas entre a noite de sexta e a manhã de sábado.
Celesc diz que indicadores estão dentro das metas
A Celesc esclareceu em nota ao DIARINHO que, nos últimos anos, tem atendido rigorosamente aos indicadores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que adota uma fiscalização rigorosa e estratégica pra garantir a qualidade do serviço das distribuidoras de energia.
A fiscalização, segundo a Celesc, é feita com o monitoramento contínuo de indicadores técnicos e comerciais. O processo inclui a elaboração de relatórios sobre falhas e determinação de medidas corretivas, sob risco de punições à empresa. A duração e a frequência das quedas de energia estão entre os indicadores avaliados.
Eles são chamados de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) que mede, em horas, o tempo médio que o cliente fica sem energia, e Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), que conta o número de quedas considerando os casos com duração igual ou maior que três minutos.
Conforme a Celesc, os dois indicadores ficaram abaixo dos limites estipulados pela Aneel nos últimos anos, desde 2021. Os números são calculados com base em uma média ponderada por unidade consumidora.
Confira os dados abaixo:
Indicadores
2021
Duração de interrupção (DEC)
Meta estipulada pela Aneel: 10,33
Índice realizado pela Celesc: 9,64
Frequência de interrupção (FEC)
Meta estipulada pela Aneel: 8,06
Índice realizado pela Celesc: 6,47
2022
Duração de interrupção (DEC)
Meta estipulada pela Aneel: 10,18
Índice realizado pela Celesc: 8,74
Frequência de interrupção (FEC)
Meta estipulada pela Aneel: 7,99
Índice realizado pela Celesc: 6,05
2023
Duração de interrupção (DEC)
Meta estipulada pela Aneel: 9,82
Índice realizado pela Celesc: 8,57
Frequência de interrupção (FEC)
Meta estipulada pela Aneel: 7,56
Índice realizado pela Celesc: 5,94
2024 (acumulado até novembro)
Duração de interrupção (DEC)
Meta estipulada pela Aneel: 8,19
Índice realizado pela Celesc: 7,97
Frequência de interrupção (FEC)
Meta estipulada pela Aneel: 6,39
Índice realizado pela Celesc: 5,39
Total de apagões:
2022: 291.954
2023: 272.789
2024: 258.055
Top 5 causas:
1ª - vegetação na rede
2ª - abalroamentos em postes
3º - interrupção programada pra melhorias no sistema
4ª - acidentes com animais
5ª - condição climática adversa
Itajaí fora de melhorias pra temporada
Em novembro, a Celesc formou 24 novos eletricistas que vão reforçar o atendimento de emergências no estado. A região de Itajaí ficou de fora do reforço. Os novos profissionais vão atuar em Florianópolis, Joinville, Jaraguá do Sul, Tubarão, São Bento do Sul, Lages, Videira, Concórdia e Rio do Sul.
Temporada de verão
Ainda no mês passado, a Celesc também anunciou medidas para o verão, mas a princípio apenas para Florianópolis. Entre as ações estão reforço de equipes, ajustes pra resposta rápida em emergências, descentralização de almoxarifado, aumento do efetivo no réveillon e obras.