A safra de 2024 da sardinha-verdadeira terminou na última segunda-feira, com expectativa de ser a melhor dos últimos 10 anos. O Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) estima que a captura total chegue a 90 mil toneladas; o mercado nacional demanda cerca de 120 mil toneladas por ano.
O período de defeso da sardinha começou na terça-feira e segue até 28 de fevereiro, proibindo a pesca. As embarcações de cerco que ainda estão no mar têm até esta quinta-feira para descarregar ...
O período de defeso da sardinha começou na terça-feira e segue até 28 de fevereiro, proibindo a pesca. As embarcações de cerco que ainda estão no mar têm até esta quinta-feira para descarregar as capturas.
No Brasil, cerca de 170 embarcações industriais, conhecidas como traineiras, são autorizadas a pescar sardinha. Com o aumento da captura, a necessidade de importação para suprir a demanda interna pode cair até 70% em relação a 2023, conforme dados do Observatório da Pesca do Sindipi.
As indústrias de Itajaí e Navegantes, associadas ao Sindipi, absorvem mais de 80% da produção nacional. A cadeia produtiva da sardinha gera mais de 20 mil empregos diretos e indiretos, da captura ao consumo final, tendo papel crucial na economia da região.
Os maiores produtores de sardinha no Brasil estão no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, em Itajaí e Navegantes. Em Itajaí, a Nauterra, que opera a marca Gomes da Costa, lidera o setor de enlatados, enquanto em Navegantes, a Camil Alimentos gerencia a marca Coqueiro.
Faz bem
A sardinha é rica em cálcio, vitaminas B12 e D, selênio e ômega-3, substâncias que ajudam na prevenção de doenças cardíacas. O segmento de enlatados movimenta milhões de unidades nos supermercados.
Segundo a Associação Brasileira de Fomento ao Pescado, o mercado global de sardinhas enlatadas foi avaliado em US$ 7,9 bilhões em 2020, com previsão de crescimento de 6,3% ao ano até 2031, atingindo US$ 15,8 bilhões.
Safra recorde confirma sucesso do defeso
A safra de sardinha em 2024 tem tudo para ser a maior deste século, acredita o professor Paulo Roberto Schwingel, doutor em Ciências Naturais que estuda o tema desde 1998. Ele projeta que a captura deve passar das 100 mil toneladas, resultado direto da gestão eficiente do defeso que interrompe a pesca por cinco meses, entre outubro e fevereiro, para proteger o período de desova. “Pescamos menos tempo, mas capturamos mais”, afirma, destacando que o modelo atual é essencial para a sustentabilidade da sardinha.