ITAJAÍ
PF fez buscas no apartamento da “Doutora Pix” em Itajaí
Polícia vasculhou apartamento e escritório de investigada no Edifício Catarinense
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
A Polícia Federal desencadeou na quinta-feira a 14ª fase da Operação Lesa Pátria, com o objetivo de identificar pessoas que incitaram, participaram e bancaram os atos antidemocráticos ocorridos no início do ano com a invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
Três ordens de prisão e sete de busca e apreensão foram cumpridas em Santa Catarina. Em Itajaí, um dos endereços da varredura da PF foi o apartamento e o escritório da advogada Liliane Fontenele, a “Doutora Pix”, no edifício Catarinense. Também foram cumpridas ordens judiciais de busca e apreensão contra a empresária Adriana Patrícia Keller.
No apê da Doutora Pix, os PFs chegaram por volta das 6h e apreenderam celular, notebook e documentos. Eles permaneceram por cerca de 30 minutos no local. De lá saíram para ir até o escritório da advogada, no terceiro andar do edifício Catarinense, onde houve novas buscas. A informação de populares é de que Liliane foi levada para depor, mas não houve confirmação da PF sobre isso.
O PT de Itajaí já tinha feito denúncia contra a “Doutora Pix” ao Ministério Público apontando-a como a principal liderança dos atos em Itajaí, sendo organizadora de caravanas para outras cidades e também financiadora, afirma parte do dossiê.
Outras ordens
Já as ordens contra Adriana foram cumpridas na casa dela no bairro Fazenda e na AC Cred na rua Olímpio Miranda Junior, perto do hotel Novo. Outro alvo da operação em SC foi o pastor Dirlei Paiz, preso em Blumenau.
26 ordens judiciais
Chegando à 14ª fase, a operação Lesa Pátria cumpriu 10 mandados de prisão preventiva e 16 mandados de busca e apreensão em todo o Brasil. Além de Santa Catarina, as ordens judiciais foram nos estados da Bahia, Goiás, Paraíba e Paraná, e no Distrito Federal.
Os fatos investigados são os ataques violentos ao Estado Democrático de Direito, golpe de estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo.
Os alvos desta fase são os suspeitos de terem fomentado o movimento violento chamado de “Festa da Selma”, que era o codinome utilizado para se referir às invasões.
O termo Festa da Selma foi utilizado para convidar e organizar transporte para as invasões, além de compartilhar coordenadas e instruções detalhadas para a invasão aos prédios públicos. “Recomendavam ainda não levar idosos e crianças, se preparar para enfrentar a polícia e defendiam, ainda, termos como guerra, ocupar o Congresso e derrubar o governo constituído”, informou a PF.
Mandados de prisão preventiva |
|
Santa Catarina |
3 |
Distrito Federal |
2 |
Goiás |
2 |
Paraíba |
2 |
Paraná |
2 |
|
|
Mandados de busca e apreensão |
|
Santa Catarina |
7 |
Paraná |
2 |
Paraíba |
2 |
Goiás |
2 |
Distrito Federal |
2 |
Bahia |
1 |
Pastor preso pela PF tem salário de R$ 5 mil na Câmara de Vereadores
Um dos alvos da PF em Santa Catarina, o pastor Dirlei Paiz foi preso em casa às 6h da manhã de quarta-feira, em Blumenau. Ele prestou depoimento no posto da PF no shopping Park Europeu e depois foi encaminhado ao Presídio Regional de Blumenau.
Dirlei teve a prisão preventiva decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na operação Lesa Pátria, que cumpre três ordens de prisão e sete de busca e apreensão em Santa Catarina.
O pastor ocupa cargo em comissão de coordenador político no gabinete do presidente da Câmara de Vereadores de Blumenau, Almir Vieira (PP), desde maio deste ano. Ele recebe em média R$ 5 mil mensais pela função.
Em nota, o vereador Almir disse ser contra os atos antidemocráticos e diz que ficou sabendo da prisão pela imprensa. “Dirlei trabalha há pouco mais de dois meses e foi contratado devido aos seus trabalhos como líder comunitário em Blumenau, sendo membro de associação de moradores e trabalhando diretamente no relacionamento com a comunidade”, diz a nota.
Se posicionando contra os atos antidemocráticos ocorridos no dia 8 de janeiro, o vereador Almir Vieira informou que todas as providências serão tomadas e diz que está em contato com as autoridades para apurar o ocorrido e que a situação será encaminhada para o setor jurídico da câmara de Blumenau.
“Dirlei Paiz ocupa o cargo em comissão de Coordenador Político, lotado no gabinete desde o dia 22/05/2023. Dentre os documentos que a Câmara Municipal solicita para a contratação está o de antecedentes criminais, ressalta-se que Dirlei Paiz não possuía antecedentes”, finalizou a nota.
Apoiador de Bolsonaro
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o pastor tem fotos ao lado de Jair Renan, filho de Bolsonaro, que mora em Balneário Camboriú desde o início do ano, com a legenda: “Hoje foi o dia de recepcionar o filho 04 do capitão”. O pastor chegou a ocupar o acampamento montado no 23º Batalhão de Infantaria no ano passado requerendo intervenção das Forças Armadas por não aceitar a derrota de Bolsonaro nas eleições. Ele também postou vídeo nas redes sociais pedindo “pix” para ajudar o ex-presidente.
Nas redes sociais, o pastor também tem posts com ofensas a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele postou fotos com a placa “Fora ex presidiário” e “Estou em uma luta árdua contra o PT, posso contar com você?”. Dirlei foi candidato a vereador pelo Patriota em 2020, mas com os 522 votos que fez não se elegeu.