O polêmico projeto de lei do deputado Ivan Naatz (PL) que propõe a mudança do hino de Santa Catarina terá uma audiência pública nesta terça-feira, em Florianópolis, chamando atenção do estado para a proposição da troca ou não da canção oficial catarinense.
A mesa diretora da Assembleia Legislativa (Alesc) autorizou o início da tramitação do projeto, que será marcado pela audiência, a partir das 9h, no plenarinho da Alesc. Setores políticos ...
A mesa diretora da Assembleia Legislativa (Alesc) autorizou o início da tramitação do projeto, que será marcado pela audiência, a partir das 9h, no plenarinho da Alesc. Setores políticos, históricos e culturais se dividem em relação ao tema.
A instalação de uma comissão especial de trabalho integrada pelos deputados e representantes dos setores culturais, artísticos e musicais tanto da área pública como privada está confirmada. O grupo visa definir a forma de concurso público para escolha do novo hino, se necessário. Mas colegas parlamentares de Naatz, como é o caso da deputada estadual Luciane Carminatti (PT), condenam à proposta.
O projeto foi lançado em fevereiro deste ano. Para Naatz, o hino atual, adotado por lei estadual em 1895, não é representativo das potencialidades do estado e desconhecido da maioria da população. “A letra não retrata os valores cívicos e a história catarinense e, por isso, defendo que um novo hino aborde nosso potencial turístico, histórico, geográfico, econômico e cultural”, observa.
Especialistas da área musical erudita e popular, representantes de diversos setores culturais e artísticos do estado ligados ao tema, e a população em geral estão convidados para a audiência.
José Henrique Nunes Pires, bisneto do poeta Horácio Nunes Pires, compositor da letra original, também estará presente. Ele é o coordenador atual do Departamento Artístico Cultural (DAC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Entre 2010 e 2011, um projeto do então deputado Gilmar Knaesel (PSDB) propôs iniciativa semelhante, mas a matéria acabou não avançando. Para Carminatti, presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto, o momento atual pode não ser oportuno para esse debate. Na visão dela, uma alteração seria complexa e o estado tem temas mais urgentes a tratar.
A professora de História e mestre em Patrimônio Cultural, Angelita Borba de Souza, de Barra Velha, ressaltou ao DIARINHO que essa discussão não pode se dar de maneira precipitada. Segundo ela, o fato de o hino não ser conhecido é uma questão, a validade da troca é outra.
“Se nosso estado é conservador, e a letra desse hino é um brado contra o racismo, ele é representativo sim; quebra de certa forma a hegemonia de um discurso de que o estado é formado apenas por uma elite branca”, disse a historiadora. “Talvez o que se deva é conhecer melhor o que levou a se escrever a letra original, levantar a reflexão sobre os negros na nossa história, afinal, quantos quilombos tivemos, quantos negros auxiliaram a constituição de SC?”, questiona.