CLIMA

Brasil teve o julho mais quente dos últimos 62 anos

Dados do Instituto de Meteorologia apontam novo recorde de temperaturas no meio do inverno

Média da temperatura registrada em todas as estações do Brasil ficou em 23 °C em julho (Foto: Paulo Giovany)
Média da temperatura registrada em todas as estações do Brasil ficou em 23 °C em julho (Foto: Paulo Giovany)

Agência Pública | Por Bruno Fonseca, Gabriel Gama

O Brasil teve o mês de julho mais quente em 62 anos. É o que indicam dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que a Agência Pública acessou. O resultado é o maior desde 1961, quando começaram as medições nas estações do órgão, e reflete uma situação que ocorreu em todo o mundo: um recorde de calor. Para o planeta, o mês foi o mais quente do registro histórico.

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Os números mostram que a média de temperatura registrada em todas as estações do país ficou em 23 °C. Isso representa 1 °C acima da série histórica, que é de 22 °C. Esse é um novo recorde, mas que acontece justamente um ano após o anterior. O último, em 2022, foi um acréscimo de 0,8 °C. Antes disso, havia sido em 2015, com 0,7 °C.

As áreas que registraram maior aumento foram o sul da Amazônia, o Centro-Oeste e o Sul. Em ao menos seis capitais, as médias de temperaturas máximas e mínimas do mês ficaram acima do esperado. Em algumas, muito acima: Porto Alegre, por exemplo, registrou uma média de temperaturas mínimas quase 2 °C acima do histórico. A cidade teve um dia de inverno marcando 30 °C nos termômetros.

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“Seria um processo natural, mas temos notado um aumento progressivo das temperaturas no inverno nos últimos 15 anos. A substituição de áreas verdes por edificações, por exemplo, contribui para o aquecimento”, explica Danielle Barros, meteorologista do Inmet e chefe do serviço de pesquisa aplicada.

Segundo Barros, o recorde de calor registrado em julho de 2015 ocorreu em um ano com um forte El Niño — o fenômeno de aquecimento da água superficial no Oceano Pacífico. Ele é responsável por gerar grandes alterações no clima, por exemplo, nas temperaturas e no regime de chuvas. Neste ano, o retorno do El Niño poderia explicar o novo recorde de calor. Para o planeta, piora um cenário já alterado pelo processo de aquecimento global. Na média, o mundo já está mais de 1 °C mais quente do que no período pré-Revolução Industrial.

Reportagem da Pública mostrou como o El Niño de 2015/2016 afetou a produção de castanhas-do-pará no estado do Amapá. Famílias de catadores sofreram com a diminuição da produção e ainda precisaram enfrentar roubos motivados pela disparada no preço do alimento, que ficou mais escasso.

De acordo com Barros, em 2022, a causa para o recorde de temperaturas em julho teria relação com o inverno seco. Na época, sistemas de alta pressão inibiram a formação de nuvens e aumentaram a incidência de raios solares.

Mamedes Luiz, chefe de previsão no Inmet, diz que a previsão para os próximos três meses também aponta para um aumento nas temperaturas médias entre 1°C e 1,5 ºC, principalmente no Norte e no Centro-Oeste.

Bruno Fonseca/Agência Pública
Foto: Bruno Fonseca/Agência Pública

Temperaturas acima da média

Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, registrou um dos maiores aumentos na temperatura em julho. A média máxima foi de 29,2 °C, ou 1,7 ºC acima da média – e os termômetros passaram de 32 °C no fim de julho. Já a mínima ficou em 16,9 °C, um aumento de 1,6 °C ao esperado para o mês.

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Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, os gaúchos também viveram um julho menos frio que o de costume. A média mínima foi quase 2º C mais alta que o histórico. As máximas também ficaram mais de um 1º C acima da média. No final de julho, o sábado, dia 22, marcou o recorde: quase 30º C. Além de menos frio, o mês trouxe mais chuvas em Porto Alegre que a média.

Embora o Nordeste tenha sido menos castigada em julho, Salvador, na Bahia, está entre as que tiveram médias acima do histórico. A máxima superou a série histórica em 1º C, e a mínima, em 1,3 °C. Os soteropolitanos receberam 46% menos chuvas, cerca de 90 mm a menos do que a média de 1991 a 2020.

Outra capital onde choveu menos que a média foi Belo Horizonte (MG). Julho registrou uma média de chuvas quase um terço menor que a histórica. E enquanto as chuvas ficaram abaixo do esperado em BH, o frio também. A média das temperaturas, tanto as máximas quanto as mínimas, ficaram acima do histórico. A cidade chegou a marcar mais de 30ºC no dia 11 de julho.

Os paulistanos sofreram menos com calor, mas a cidade de São Paulo passou por estiagem: 37,4 mm de chuva abaixo do normal para o período, ou 77% de redução. Nos termômetros, a temperatura mais alta registrada foi de 28,6 ºC. A média máxima foi 0,8 °C acima do esperado, e a mínima, 0,9 °C.

Aracaju, capital de Sergipe, teve um julho mais quente que o esperado, mas com números bem menos intensos que as demais capitais.

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