SANTA CATARINA
Deputados querem arrecadar R$ 22 milhões pra Bolsonaro
Em SC, ex-presidente disse que valor dá pra pagar a contas e “ainda sobra” pro caldo de cana e pastel
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Deputados apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) voltaram a pedir doações em dinheiro para o ex-presidente. “A meta é de R$ 22 milhões”, diz a mensagem postada nas redes sociais. A nova “vaquinha” ocorre após a polêmica com o recebimento de R$ 17,2 milhões via pix por Bolsonaro, entre janeiro e julho deste ano, conforme relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Parlamentares da base aliada do ex-presidente usaram as redes sociais pra pedir as doações, como os deputados Carlos Jordy (PL-RJ), Gustavo Gayer (PL-GO) e Cabo Gilberto (PL-PB). Pelo Twitter, o vereador de São Paulo (SP) Fernando Holiday (PL) comentou a repercussão sobre as doações pra Bolsonaro: “O problema são 17 milhões? Então vamos chegar nos 22 milhões!! Eu já repeti meu pix”, publicou, mostrando um comprovante de R$ 222,22 da doação.
Em visita a Santa Catarina no sábado, o ex-presidente fez graça sobre as doações. “Muito obrigado a todos aqueles que colaboraram comigo no pix há poucas semanas. Mais do que o valor depositado, quase 1 milhão de pessoas colaboraram. Dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobra dinheiro para tomar um caldo de cana e comer um pastel com dona Michelle [Bolsonaro]”, disse.
O comentário foi durante discurso no Encontro Estadual do PL Mulher, com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Antes de chegar ao evento, Bolsonaro fez visita ao Mercado Público de Florianópolis, onde tomou caldo de cana e posou para fotos com apoiadores, acompanhado do governador Jorginho Mello (PL). Após o discurso no encontro do partido, o ex-presidente seguiu com Jorginho para Ituporanga, onde participaram da Festa do Agricultor.
Ainda na sexta-feira, quando Bolsonaro chegou a Santa Catarina, o ex-presidente falou das doações recebidas, criticando a divulgação dos dados do Coaf, durante almoço com a bancada catarinense do PL em São José. “Hoje a palavra do dia é pix, né? Então, agradecer a aqueles que doaram, de forma voluntária. Mais uma vez, infringiram o devido processo legal, divulgando dados sigilosos… Mas tudo bem. E o pix é uma criação do nosso governo”, comentou.
A chave pix do ex-presidente foi divulgada por apoiadores no início do ano, com objetivo de arrecadar dinheiro para ajudar Bolsonaro a pagar multas de processos judiciais. Os dados sobre os valores recebidos fazem parte da análise de movimentação financeira do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, e serão encaminhadas para a CPI que investiga os atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Em nota após a divulgação dos valores, a defesa do ex-presidente afirmou que a violação de sigilo bancário foi “insólita, inaceitável e criminosa”. O esclarecimento destacou que os valores vieram de milhares de doações feitas por apoiadores, “tendo, portanto, origem absolutamente lícita”. Para o Coaf, as movimentações foram “atípicas”.
Mesmo com a arrecadação milionária via pix, Bolsonaro ainda não pagou as sete multas que deve ao estado de São Paulo, que somam mais de R$ 1 milhão, conforme o registro de débitos na dívida ativa que o colocaram no alvo de ações de cobrança. As dívidas motivaram apoiadores a fazerem a campanha de arrecadação.
Segundo o relatório do Coaf, o ex-presidente teria aplicado os recursos recebidos em investimento de renda fixa no primeiro semestre. No período, foram mais de 769 mil transações via pix, somando quase R$ 17,2 milhões. Pro órgão de controle, os valores seriam incompatíveis com os rendimentos de Jair.
Em junho, Bolsonaro havia dito que já tinha recebido mais do que o suficiente para pagar as multas e outras que poderiam ser aplicadas, e que o valor total seria divulgado “mais para frente”. “Foi algo espontâneo da população (...). A massa contribuiu com valores entre R$ 2 e R$ 22”, comentou na ocasião.