Parceira da Shein para produção no Brasil, a Coteminas (Companhia de Tecidos Norte de Minas) anunciou que pretende demitir cerca de 700 funcionários de fábrica em Blumenau. A demissão em massa seria neste mês e foi alertada pelo Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau, Gaspar e Indaial (Sintrafite), que está mobilizado contra os cortes.
Inicialmente, o ofício da Coteminas indicava mais de 800 demissões. Em reunião com o sindicato, o número ficou em 700 funcionários, que ainda receberiam em 15 vezes o pagamento das verbas ...
Inicialmente, o ofício da Coteminas indicava mais de 800 demissões. Em reunião com o sindicato, o número ficou em 700 funcionários, que ainda receberiam em 15 vezes o pagamento das verbas rescisórias. Em assembleia na segunda-feira, em frente à empresa, os trabalhadores se manifestaram contrários à demissão e rejeitaram a proposta de parcelamento.
O sindicato criou uma comissão com funcionários da Coteminas pra participarem das negociações contra a demissão em massa e o parcelamento das verbas rescisórias. Documento encaminhado à empresa pede que seja aberta uma mesa de negociação. Ainda não houve resposta. Uma nova assembleia com os trabalhadores ocorre nesta quinta-feira, na sede do sindicato, pra discutir os próximos passos da mobilização.
O presidente do sindicato, Carlos Alexandre Maske, destaca que a situação é grave porque impacta muitas famílias. As demissões envolvem a maioria dos empregados da Coteminas, que emprega cerca de 1,2 mil pessoas em Blumenau. “A gente não pode de maneira nenhuma aceitar a forma como a empresa está impondo essa questão. A empresa tem que rever a posição dela”, comentou.
Segundo Carlos, a maioria dos trabalhadores precisa do emprego, mas há uma parte com vontade de sair devido a problemas de atrasos de salários e FGTS, que vêm desde 2021 e são alvo de ação do sindicato. “Tem o grupo que quer continuar, que é a maioria dos trabalhadores, e tem um grupo que gostaria de sair, mas esses trabalhadores deixaram claro na assembleia que querem receber a indenização, se por houver demissão, em uma parcela”, explica o sindicato.
Contradição
O sindicalista também critica a empresa, destacando que o anúncio de demissões é uma contradição diante da parceria com a Shein, prevendo investimentos em outras regiões do país e prejudicando os trabalhadores da cidade de Blumenau.
Na semana passada, o presidente da Coteminas, Josué Gomes, anunciou o começo da produção de roupas para a gigante chinesa do comércio eletrônico pela fábrica de Macaíba, no Rio Grande do Norte.
Adequações após parceria
A explicação da empresa para os cortes em Santa Catarina é de que a unidade de Blumenau passará por ajustes de produção para a implantação de “um novo modelo de trabalho que exigirá novos equipamentos industriais e adequação do seu quadro de pessoal”.
Para os empregados da fábrica em Blumenau, o “novo modelo” estaria ligado ao acordo com a Shein. A companhia, no entanto, vive uma crise financeira que se arrasta há meses. A última notificação do sindicato foi contra os atrasos nos salários entre janeiro e abril, além de cobrança pra regularizar os repasses do FGTS.
Em Santa Catarina, a Shein também tem plano de investimentos, prevendo firmar parceria com empresas têxteis que possam produzir para atender as vendas no Brasil e na América Latina. O acordo com a Coteminas é primeiro de cerca de 2 mil empresas que a gigante chinesa anunciou contratar até 2026 pra formar a rede de produção nacional, num investimento de R$ 750 milhões no país.