PF desbarata quadrilha de traficantes que torrou R$ 1 bilhão comprando imóveis
Bando “investia” em imóveis no litoral para lavar a grana; construtoras foram cúmplices, diz investigação
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Quatro veículos comprados com o dinheiro do tráfico foram apreendidos na região de Itajaí
(foto: Franciele Marcon)
17 ordens de busca e apreensão foram cumpridas em Itapema (Foto: Divulgação)
A Polícia Federal, Receita Federal e a Polícia Civil do Paraná cumpriram ordens judiciais para desarticular uma quadrilha especializada no tráfico internacional e interestadual de drogas com diversas ramificações em todo o Brasil. Cerca de 500 policiais agiram em ação simultânea em oito estados brasileiros para cumprir 30 ordens de prisão preventiva e 87 ordens de busca e apreensão. O bando é suspeito de possuir um patrimônio de R$ 1 bilhão, adquirido com a grana do narcotráfico, e com a apreensão de pelo menos cinco toneladas de cocaína no período de investigação que começou em 2021.
Santa Catarina era usada para a lavagem do dinheiro do tráfico de drogas, com compras de imóveis de alto padrão em cidades do litoral. No estado foram cumpridas 32 ordens de busca. A maioria ...
Santa Catarina era usada para a lavagem do dinheiro do tráfico de drogas, com compras de imóveis de alto padrão em cidades do litoral. No estado foram cumpridas 32 ordens de busca. A maioria das batidas foi em Itapema, onde 17 locais estão sendo fiscalizados, mas houve buscas também em Balneário Camboriú (4), Itajaí (3), Joinville (1), Penha (1), Porto Belo (3), Tijucas (2) e São Francisco do Sul (1).
Até o fechamento desta matéria foram presas 28 pessoas, sendo três delas em flagrante. Os policiais também apreenderam 36 veículos, armas, 210 quilos de cocaína, joias e mais de R$ 2,1 milhões em grana, sendo 126 mil dólares e R$ 228 mil em cheques, além de 210 quilos de cocaína. Duas pessoas estão foragidas.
Na região de Itajaí foram apreendidas duas caminhonetes, Hilux e Ford Ranger, uma Range Rover e um caminhão. Os veículos foram levados para a sede da PF e depois seguiram para o pátio da Receita Federal.
Também foi decretado o sequestro de imóveis, o bloqueio de grana e valores nas contas bancárias e em aplicações financeiras dos investigados, somando um bilhão de reais.
Bando mandava drogas pro exterior por navios
As investigações revelaram que o bando montou uma estrutura logística para o narcotráfico, que envolve desde a produção da droga no exterior, ingresso e transporte dentro do território nacional, distribuição interna, preparação e o envio dos carregamentos de cocaína para o exterior utilizando principalmente o modal marítimo.
Grande parte da droga movimentada pelo grupo tinha como destino os portos da Europa. Eles usavam o porto de Paranaguá (PR) para escoar, principalmente cocaína, “plantando” a droga em contêineres, com os entorpecentes sendo escondidos em contêineres refrigerados, usando mergulhadores para inserir a droga em compartimento submerso dos navios. No período de investigação, a PF apreendeu 5,2 toneladas de cocaína.
Os investigados responderão por organização criminosa, tráfico internacional de drogas e associação, com penas que podem chegar a 50 anos de prisão, bem como pelo crime de lavagem de dinheiro, com penas que podem chegar a 10 anos de reclusão por cada ação perpetrada.
Quadrilha usava avião e barcos
A grana arrecadada com o tráfico era usada para ampliar a estrutura logística do grupo, com a compra de aeronaves e barcos, além de armas para usar na intimidação de bandos rivais.
Segundo a PF, além do esquema de narcotráfico, alguns dos integrantes do bando estão envolvidos com homicídios e tráfico de armas, munições e acessórios. As armas eram usadas na guerra entre facções criminosas no litoral paranaense.
Pagamentos de imóveis milionários em grana viva
A investigação aponta que as construtoras faziam negócios fraudulentos ou não declarados com a quadrilha. A PF e a Receita também constataram pagamentos de imóveis de luxo com altas quantias em dinheiro vivo sem a devida comunicação aos órgãos competentes, bem como o uso de laranjas para comprar os imóveis.
O bando comprava empresas e imóveis com preferência pelo mercado imobiliário do litoral de Santa Catarina, em cidades como Balneário Camboriú, Itapema, Itajaí, Porto Belo e Penha. “Os investimentos consistiam na aquisição de apartamentos de alto padrão e financiamento com o dinheiro ilícito para construção de empreendimentos imobiliários, o que era feito com a conivência de algumas construtoras e empresas do setor envolvidas no esquema criminoso”, informou a PF.
Mais estados
Outras ordens judiciais foram cumpridas no Paraná: Curitiba (10), Matinhos (1), Morretes (2), Pinhais (1), Ponta Grossa (4), Pontal do Paraná (2) e São José dos Pinhais (1).
No Estado de São Paulo: Araçatuba (1), Bady Bassit (3), Diadema (1), Guarujá (1), Santana do Paranaíba (1), São Bernardo dos Campos (3), São José do Rio Preto (5), São Paulo (3) e Sud Mannucci (1.
No Mato Grosso do Sul: Campo Grande (2) e Dourados (4). Em Vila Velha, no Espírito Santo. Também há buscas em Cuiabá (MS), Goiana (GO) e Rio de Janeiro (RJ).
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