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Gentileza gera gentileza


Foi numa conversa rápida, pouco antes de entrar no avião, que citei esta expressão para minha filha que mora no Rio de Janeiro. “Gentileza gera gen­tileza”, falei, sem maiores pretensões, na hora da despedida. Ela alegrou-se e me respondeu: “Ah, tu conheces a história do Profeta Gentileza, então?”. Não, eu não conhecia, mas assim que pude corri para a internet para descobrir. E que descoberta!

O Profeta Gentileza tem uma biografia interes­santíssima. Tema de artigos, livro e reportagens, sua mais conhecida mensagem é apenas a ponta do iceberg para uma vida de intensa doutrinação, cujas marcas ainda estampam a paisagem da Cida­de Maravilhosa. Cultura popular no exato sentido.

Resumindo, sabe-se que José Datrino nasceu em 11 de abril de 1917 em Cafelândia/SP e morreu em Mirandópolis/SP em 28 de maio de 1996. De família muito pobre, amansava burros na juven­tude. Cresceu prometendo que quando a família estivesse amparada, largaria tudo e seguiria sua missão. Chamavam-no de louco.

Uma data muito trágica, 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói/RJ, marcou o início de sua peregrinação. Um incêndio no Gran Cir­cus Norte-Americano matou cerca de 500 pesso­as, entre elas muitas crianças. Lá na sua cidade, José Datrino ouviu, em sonhos, vozes que o im­peliam a abandonar o mundo material e se de­dicar à vida espiritual. E assim ele fez, instalan­do-se em Niterói e transformando o local onde houvera a tragédia do circo em horta e jardim. Lá ficou por quatro anos, consolando as famílias afetadas pelo incêndio. Assim também surgiu o apelido de José Agradecido e Profeta Gentileza.

Saiu pelas ruas da cidade em pregação de civi­lidade, de harmonia, de respeito e amor. Alguns o descrevem como assustador, pelas roupas, bar­ba longa e voz intimidante. Dizem até que inves­tia com violência contra mulheres de roupa curta e maquiagem, mas o mito criado após sua morte minimizou estes detalhes.

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do via­duto do Caju, que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de apro­ximadamente 1,5 km. Em desenhos e textos co­loridos, registrava seus pensamentos e críticas. Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza sabia exa­tamente o lugar por onde os visitantes do mundo todo passariam e a eles exortava a viver a genti­leza e a multiplicar esta atitude em toda a Terra.

Quando morreu, por certo tempo foi esque­cido. Seus grafittis foram danificados por picha­dores e depois, cobertos com tinta cinza. Mas as gentes interessadas em manter viva a mensagem do Profeta, com a ajuda da prefeitura da cida­de do Rio de Janeiro, organizaram o projeto Rio com Gentileza e restauraram os 56 murais das pilastras. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

publicado no blog Lettera 22, do DIARINHO


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