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Foz do Itajaí: mobilidade e transportes integrados
Há algumas semanas fiz uma provocação aos mandatos dos vereadores Giovani Félix, Thiago Morastoni e Marisa Zanoni a respeito da integração do transporte coletivo entre Itajaí, Balneário Camboriú e Camboriú. Recebi respostas positivas e em breve definiremos a criação de um grupo de trabalho que construa propostas de políticas públicas referentes a este tema nas respectivas Câmaras Municipais.
Pensar a mobilidade de maneira regional significa buscar alternativas aos rios e morros que embelezam nosso relevo, mas que também se tornam obstáculos naturais para o trânsito de pessoas e de mercadorias. Significa ainda encarar de forma corajosa as debilidades de nosso transporte coletivo e propor saídas para os monopólios locais das empresas de ônibus, fazendo com que elas possam competir entre si, trazendo mais qualidade, mais linhas e melhor preço ao serviço. Porque precisamos de um transporte coletivo integrado entre as cidades, com terminais de uso conjunto e bilhete único.
Mas além destas medidas, que são óbvias e cabíveis ao nosso tempo, é necessário planejar o futuro da mobilidade na região, investindo na ampliação e integração da malha cicloviária, criando corredores específicos para ônibus e táxis, implantando cinturões de estacionamento nos limites e nos centros das cidades e construindo pontos de embarque e desembarque para o transporte solidário.
Precisamos avançar, mesmo que de forma preliminar, na discussão de um sistema de metrô ou VLT entre nossas cidades e suas periferias. Podemos seguir o exemplo chileno de Valparaíso e Viña del Mar similar demograficamente e geograficamente à nossa realidade - ou de muitas outras concentrações urbanas com menos de 500 mil habitantes que já avançam a passos largos na implantação deste modelo. Pode parecer loucura pensar nesse tipo de transporte em nossas cidades neste momento, mas em breve será loucura desconsiderar esses modais.
Para uma região que aspira ser uma metrópole, estamos muito atrasados na discussão da mobilidade e transporte integrado entre nossos principais municípios. Com exceção do túnel do Ariribá que, ao que parece, virou uma peça de retórica no Plano Plurianual de Itajaí, muito pouco tem sido feito ou pensado neste sentido. Soluções inovadoras e ousadas para os problemas de mobilidade da região são cada vez mais urgentes, sob pena de começarmos a nos transformar em uma metrópole apenas a partir de nossos problemas.
Nossa região está em pleno desenvolvimento e, a considerar a era de ouro que o Brasil viverá nos próximos anos, este crescimento se aprofundará ainda mais. Precisamos pensar mobilidade e transporte com os olhos de uma sociedade desenvolvida, com um olhar para o amanhã, à altura do Brasil e dos novos desafios que nosso país nos impõe cotidianamente. Um desenvolvimento local socialmente justo passa por este debate.
* O autor é jornalista e mestre em Gestão de Políticas Públicas