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Coluna de Luiz Carlos Amorim
O dia 24 de novembro marcou a passagem de mais um aniversário do nascimento do nosso grande poeta simbolista Cruz e Sousa, o maior poeta catarinense, conhecido no Brasil e no mundo. Mas ser o ícone do Simbolismo brasileiro não significa que a sua vida tenha sido fácil. Sofreu discriminação pela sua cor, não teve reconhecimento em vida e morreu jovem. Teve quatro filhos que morreram prematuramente, pela tuberculose, que também o matou e a sua mulher.
Os restos mortais do maior poeta catarinense, trazidos de Minas para o Rio em trem de carga e finalmente vindos para Santa Catarina em 2007, foram de novo para a senzala, pois o local onde foi construído o Memorial Cruz e Sousa é justamente o lugar onde ficava a senzala do casarão que hoje é o Palácio Cruz e Sousa. Os ossos do grande mestre do Simbolismo ficaram esperando todo esse tempo três anos, que o memorial, prometido pelo Estado para 2008, só foi inaugurado depois do aniversário do poeta de 2010 para voltar à senzala.
E o tal Memorial, que deveria ser um lugar para receber público para reverenciar a memória do grande poeta, resultou num cubículo que nunca foi usado para nada, a não ser a inauguração.
Ontem, dia 27, estive numa seção da academia Desterrense de Letras e um desabafo da acadêmica Telma Lúcia Farias me chamou a atenção. A seção solene era em homenagem a poeta maior Cruz e Sousa, pela passagem da data de seu aniversário, no dia 24, e a acadêmica pediu um aparte para lembrar que todos estavam fazendo homenagens ao nosso poeta, mas ninguém havia lembrado que os restos mortais dele foram trazidos para Santa Catarina e estavam esquecidos num puxadinho construído pelo Estado, nos fundos do Palácio Cruz e Sousa.
Achei muito oportuna a fala da acadêmica, porque tenho escrito diversas crônicas sobre o assunto, cobrando do estado que resgate a dignidade de tão importante figura da cultura catarinense, construindo um Memorial à altura do grande nome que ele é. E é tempo, mais do que tempo de a fundação Catarinense de Cultura deixar de prometer e fazer, efetivamente, alguma coisa. Se passarmos por lá, pelo memorial, no centro de Florianópolis, vamos constatar que ele está fechado e que ninguém está fazendo obra nenhuma no local, apesar de ter sido prometido pelo estado, através da FCC.
Precisamos nos unir para exigir que o estado construa um Memorial condizente com a importância de Cruz e Sousa para a cultura do nosso estado. Não é possível que o poeta que representa o Simbolismo brasileiro, o maior poeta do estado, continue a ser humilhado em sua própria terra. O correto, mesmo, era fazer o mausoléu para acolher o nosso poeta-mor dentro do palácio Cruz e Sousa.