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O fantasma sem ópera


Não é preciso ser um especialista para saber que já estamos em campanha eleitoral. Ou melhor, para não correr o risco de retaliação, é bom dizer o que eles gostam de ouvir, então lá vai: estamos em pré-campanha eleitoral – que na prática não muda quase nada. A mídia foi vociferada com o atual clima pré-eleitoreiro, como a revista Veja trazendo Serra na capa. O jornal Valor Econômico apresentando uma enquete com 142 executivos dos quais 111 dizem preferir Serra. Enquanto Dilma, desta vez, inaugura seu site próprio e diversas contas de sites sociais portando seu nome. Sem contar as viagens e as entrevistas em rádios de ambos os lados. No fundo, pode ser em vão todo esse barulho, pois no Brasil a grande população quer mesmo é apenas saber qual será a escalação de Dunga para a Copa do Mundo.

Os que continuarem lendo meu artigo serão convidados a uma endentação política dos fatos. Como deve ser de conhecimento, as pesquisas de intenções de votos andam apresentando controvérsias. Qual a verdadeira? Talvez todas. Talvez nenhuma. Digo por levar em conta a variação de humor do eleitor conforme o dia da pesquisa. Embora que o questionamento sobre a veracidade do Sensus e Vox Populi – por apresentar a pergunta de aprovação do governo antes da pergunta de em quem irá votar à presidência –, porventura não é tão primordial, pelo fato de ainda não terem começado as propagandas de rádio e televisão.

Embora estejamos diante de pré-candidatos nada carismáticos, ou seja, dificulta a elevação messiânica nas pesquisas. Reporto que o tema da eleição contribui muito para um aumento nas pesquisas, assim como foi em 1994, tendo a inflação; no ano 1998, a continuidade do combate à inflação; em 2002, o desemprego e criação de renda e em 2006, a continuação de renda. E em 2010, que tema titubeará o eleitor? E ainda nesta reflexão, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva serão os fantasmas das urnas. Seus governos serão ressuscitados para revitalizar uma memória que não costuma lembrar-se do passado recente.

Na obra Le Fantôme de l’Opéra de Gaston Leroux, publicada em 1910, busquei em seu enredo a inspiração para este artigo. Explico. Os personagens Christine Daaé – inexperiente bailarina –, Visconde Raoul de Chagny e Erik, o Fantasma, não são os nossos políticos. Na história a obstinação do objetivo leva o romance ao horror. Por conseguinte, o objetivo não deve ser em si só o Palácio da Alvorada e, sim, um melhor país. Pois os brasileiros ainda precisam de empregos, educação, saúde, moradia e de orgulho para com seus políticos, que continuamente vêm manchando suas reputações. Nem tudo é “romance” ou “horror”. Agora, se o Brasil “pode mais” ou “está fazendo mais”, são apenas palavras de políticos.

Os nossos fantasmas não são da ópera – quem sabe gostem de samba ou funk. Para os pré-candidatos Serra e Dilma, as imagens de FHC e Lula poderão ser fantasmas. Ou seja, a oposição buscará o argumento que a eleição é de José Serra e Dilma Rousseff. Embora que o governo reconheça que nesse tipo de comparação (Serra e Dilma) sai em desvantagem. Por isso, o PT buscará associar a imagem de Lula em Dilma e FHC em Serra. Se ao menos Dilma tivesse comandado um ministério mais expressivo ao olhar popular, o PT poderia explorar mais. Enquanto isso, aguardo pelo primeiro debate eleitoral na TV, onde os pré-candidatos estarão sem o invólucro e diante dos seus próprios fantasmas.

* Contato: js_junior@yahoo.com.br


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