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Notas da conjuntura
A vaia
O episódio das vaias e xingamentos à presidenta Dilma Rousseff, em São Paulo, não caiu bem para ninguém. Vaias ao governante, em ato oficial, são por si sós, insólitas. E ofensa, (ainda mais) em linguagem chula, é uma manifestação de mau gosto de quem a profere e para quem escuta.
Porém, os apupos, o palavrão gritado em coro, não se esgotam como um simples caso de má educação. Foi além do mal-estar que acomete grande parte do povo brasileiro a consequência imediata da fala da presidenta, um dia antes da copa, em rede nacional de rádio e televisão. Era para ser uma manobra esperta, em que ela evitava manifestações hostis de corpo presente e trocava a abertura da vopa no Itaquerão por um comício eleitoral.
Em rede nacional, ao invés de conclamar os concidadãos a torcer em paz pela seleção, de dar boas vindas aos visitantes, de realçar o esforço para realizar o mundial, fez o de hábito: se gabou dos próprios feitos, os reais, os exagerados e os fantasiosos, e passou um pito nos que não acreditavam, nos pessimistas vale dizer nos críticos e opositores. A resposta veio no estádio lotado. Vulgar, mas concisa e clara.
Coragem pela metade
O jornalista Florestan Fernandes Júnior, em texto na internet, aplaude a coragem da presidenta de ter ido ao jogo inaugural da copa. Alto lá: meia coragem e meio medo. Coragem ela teria se, no estádio, ao menos declarasse aberta a copa. Diante de um público de mau humor com as coisas em geral, ela optou pelo velho golpe de sair (da situação) não tão ligeiro que parecesse fuga, nem tão devagar que aparentasse provocação. Não funcionou. Faltou combinar com o (nem tão) respeitável público.
Covardes
O mesmo Fernandes Jr. chama de covardes Lula, Alckmin, Serra, Aécio, Eduardo Campos e mais uma dúzia de políticos que não foram ao Itaquerão. Segundo ele, deixaram a presidenta sozinha, ouvindo os impropérios da massa incomodada. O jornalista tem razão quanto a Lula. Ele, mais do que ninguém, quase sozinho, trouxe a copa para o Brasil, em momento de especial encanto com a própria obra. Era de esperar que estivesse ao lado de Dilma no Itaquerão, solidário com o aplauso ou a vaia. Mas por que os demais deveriam estar lá? Para serem sócios da vaia, quando foram meros coadjuvantes do megaevento? No script, era para ser um dia de glória nacional, de consagração de um modelo de governo. E se assim fosse, Alckmin, Serra, Aécio e Eduardo Campos e os outros, por acaso seriam chamados para a festa?
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Lula estrilou feio com os xingamentos a Dilma. Tem razão. E mais razão teria se não fosse ele mesmo, desde que era presidente de sindicato e depois na presidência da República, um usuário contumaz dos palavrões mais cabeludos da língua portuguesa.
Coisa de tucano
Para Lula e o PT, o público do Itaquerão que ofendeu Dilma era de gente rica e bonita. Mas foi, então, para essa gente que se fizeram os estádios monumentais da copa, gastando os tubos? Fizeram a copa para a alegria e diversão da elite branca e endinheirada? Para agradar os ricos, os tucanos são amadores perto do PT.