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A mídia e a copa


A estas alturas do campeonato, só alguém resolutamente teimoso – e errado - negará que a copa, do ponto de vista da organização, é um sucesso. Fora um ou outro detalhe, é de justiça reconhecer: as arenas são lindas, majestosas, os turistas estrangeiros passeiam nas ruas e arredores dos estádios em clima de festa e de paz, joga-se um futebol de alto nível técnico e tudo flui bem nas áreas críticas, como a segurança, transportes públicos e aeroportos. Tudo além das expectativas.

Mas não era assim até esses dias. A copa estava cercada de agouros. O governo, cumprindo o seu papel, garantia que tudo iria funcionar a contento. A desconfiança, entretanto, vinha de todos os lados: da mídia nacional e estrangeira, dos analistas esportivos, do torcedor comum. A cada tranqueira no trânsito, nas cidades sedes dos jogos, dava para ouvir o bordão inevitável: “Imagine na copa!” Agora, a turma do governo está toda prosa. Só falta dizer que somos professores de copa e quem quiser aprender é só prestar atenção.

Este round é do governo. E se ficasse assim, com tal constatação, o colunista encerraria por aqui o comentário. Mas estamos em pré-campanha eleitoral. E com os times (da política) em campo, é para lá de normal que alguém queira ampliar – ou diminuir - a vantagem momentânea.

Vejam, por exemplo, dois ícones do bloguismo oficioso: Luís Nassif e Paulo Henrique Amorim. Para eles, o Brasil ganhou e a mídia perdeu. Também é uma posição normal. Os blogs de Nassif e Amorim levam o gentil patrocínio do banco do Brasil e da Caixa, dentre outros órgãos oficiais, exatamente para fazer o combate frontal com a grande imprensa, a qual, segundo eles (e o PT), só existe para, no conluio com as elites, desconstruir as realizações do governo.

Ambos sustentam que até então a mídia estava empenhada no insucesso da copa, para o propósito de desgastar Dilma Rousseff e o governo do PT. A ideia era fazer da copa um “fracasso retumbante”. Porém, essa versão está completamente fora da casinha. É exatamente o contrário: a mídia, a grande mídia, apostou todas as fichas no sucesso do evento. Copa vende, e vende muito. Estavam em jogo alguns milhões de reais. A grande mídia tem lá seus defeitos, interesses, idiossincrasias, mas o que ela não faz é rasgar dinheiro.

Salvo grupelhos residuais, como os Black Blocs e o movimento “Não vai ter copa”, ninguém fez a aposta temerária no fracasso. E mesmo tendo vultosos interesses econômicos em jogo, o que a mídia não fez – aplausos para ela! - foi esconder os ruídos e os malfeitos do evento: as batalhas de rua por causa da copa, o atraso nas obras, o dinheiro que apareceu para pagar os custos estratosféricos dos estádio padrão Fifa, mas que não existe para a saúde, a educação, a segurança, a mobilidade urbana.

A vantagem é do governo, mas é muito cedo para cantar vitória. O Brasil depois da copa pouco mudará. No dia a dia das 12 cidades-sede, a vida continuará mais ou menos como antes. Em outubro, tem eleição para presidente. Tenho para mim que – sem copa - a reeleição de Dilma seria mais confortável.


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