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Pobreza extrema cresce


Neste ano da Graça de 2014 o colunista não tem lembrança de alguma notícia boa para os brasileiros mais pobres. Tudo o que veio a público, antes e depois da eleição presidencial, indica uma piora dos indicadores sociais.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), por exemplo, constatou um aumento da concentração de renda no país. Entre 2006 e 2012, os cinco por cento mais ricos tiveram a participação na renda nacional aumentada de 40 para 44 por cento.

Também segundo o Ipea, aumentou a parcela de brasileiros que vive na extrema pobreza: eram 10,08 milhões em 2012 e um ano depois passaram a 10,45 milhões. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), em 2013, já havia verificado um aumento na proporção de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza no país, isto é, com renda até R$ 70 por mês, per capita.

Reparem que esses índices se referem ao ano passado. Tanto o Ipea como a PNAD demoram meses para organizar todos os números, cotejá-los, conferi-los. E certos números indesejáveis (para o governo) são escondidos para serem divulgados em hora apropriada, fora da campanha eleitoral.

Os dados do ano corrente ainda estão sendo colhidos. É provável que se deteriorem ainda mais. O PIB continua em marcha lenta, patinando, a presidenta ganhou a eleição mas parece que não sabe bem o que fazer, e no horizonte próximo nada há de alentador.

Não são dados de causar orgulho a um governo que se gaba em tempo integral de seu compromisso com os mais pobres.

Em campanha, com uma expressão um tanto vulgar, Dilma Rousseff jurou de pés juntos que não tocaria nos direitos dos trabalhadores: “nem que a vaca tussa!“. Soava estranho, porque ninguém lhe acusou de nada. Era uma forma oblíqua de carimbar no candidato adversário, Aécio Neves, a intenção perversa.

Vitoriosa, agora tem de tapar o buraco das contas públicas, que ela mesma abriu, desprezando todas as advertências e agindo de forma voluntariosa e imprudente. Através do ministro da Fazenda em aviso-prévio, Guido Mantega, ficamos sabendo que o governo está planejando reduzir os gastos com o Salário-Desemprego, o Auxílio-Doença e o pagamento de pensões.

O que se jogava, pois, no colo de Aécio, como intenção malévola e subreptícia, já estava em estudo no âmbito do Ministério da Fazenda. A presidenta, no melhor do seu estilo, lançava a suspeita de que o outro iria fazer, se eleito, o que o seu governo já estava fazendo.

Mas conter o rombo das finanças públicas através da tunga de direitos sociais, além de perverso, é uma furada. São direitos dos trabalhadores brasileiros e de suas famílias. O que o governo vai fazer? Arrochar até o limite, apertar até o osso as regras para a concessão daqueles benefícios, só concedê-los em último momento e caso?

Resta o caminho de aprovar mudanças na lei, das formas de concessão e dos cálculos daqueles (e talvez de outros) benefícios. Mas aí tem de passar pelo Congresso. E esse governo não tem coragem para tanto.


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