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Agrutas aéreas


O avião é o meio de transporte mais veloz e mais seguro. É igualmente o meio de transporte onde a gente se incomoda de forma mais veloz e mais segura.

São os probleminhas que acontecem em todo o voo. Um dos mais constrangedores se dá quando o aparelho de raio-X, na entrada da sala de embarque, resolve soar o alarme. Você já se descartou da bagagem de mão, do relógio, do celular, do cinto, às vezes do sapato. Mas o raio-X implicou e pronto. Todos os olhares apontam para você. Os colegas viajantes deixam claro no olhar a sensação de que alguma coisa você aprontou, alguma transgressão – talvez grave – cometeu.

E lá está você, sem saber que cara fazer, sem jeito e estilo, de braços e pernas abertas, enquanto o diligente funcionário vai vasculhando o seu corpo, com o sensor na mão. Como nada descobre, você é considerado inocente e liberado. Mesmo assim, lá na sala de embarque, algumas pessoas ainda olham com o canto do olho.

Menos mal, o episódio passa. Lá pelas tantas chamam o voo, você já está a bordo e procura o seu assento. Quando o localiza, alguém já está lá, sentadão, à vontade, com pose de dono incontestável do pedaço, olhando para fora, distraído. Você procura o cartão de embarque para confirmar o número do assento. Na confusão do raio-X, provavelmente o cartão se extraviou. Você olha uma vez, duas vezes em todos os bolsos e não encontra. Na última e desesperada tentativa, você localiza o cartão no bolso do paletó, onde, por sinal, já tinha conferido duas vezes. Vá lá. Você está aliviado porque não foi uma falha de memória. O passageiro que está sentado no seu assento se enganou.

Educadamente, chama a atenção do intruso, o qual não se dá por achado. Agora, é a vez dele procurar o ticket. Aqueles minutos são penosos. Atrás de você já há uma fila de passageiros que não podem alcançar os seus assentos, e nada de o homem encontrar o bilhete.

Mostro-lhe o cartão com a anotação do número do assento e provo que é meu. Mas o homem não concorda: me diz que o número dele é o mesmo e quem errou foi a companhia, distribuindo um único assento para dois passageiros. E que ele chegou primeiro. Diante de tal argumento, me rendi. Fui até o fundo, liberei o fluxo para os demais companheiros de viagem e chamei a comissária de bordo.

A comissária, que não é burra nem nada, logo me deu razão e se dirigiu ao intruso. O homem estava exultante: tinha achado o cartão com o número do assento dele. A comissária confere e lhe diz: “O senhor desculpe, mas quem tem razão é o cavalheiro aqui”. Que sou eu. “O seu número é o 5 D, que é o corredor. O do cavalheiro é o 5 F, que é a janela. O senhor se enganou”.

Ele olhou para mim, e sem a menor cerimônia tascou: “O senhor se incomoda de trocarmos de lugar?”. Ocupei o assento número 5 do corredor e desisti de vez. Aquele homem era invencível. Fizemos assim a viagem. O intruso não me pediu desculpas, não me disse obrigado, nem me deu até logo quando nos separamos.


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