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Sorte no amor?
Há duas semanas venho me ocupando de atividades e leituras profissionais que cassam minha criatividade para escrever. É parecida com aquela sensação de ir a uma pelada com os amigos e errar todos os lances mais fáceis. Ali reside claramente a falta de inspiração para o jogo. Por isso sugiro que, se você estiver em um momento como esse, saia de campo e procure uma namorada, se já não tiver uma.
Pois assim eu andava, até que a sorte no amor me despertou. Só poderia mesmo estar em uma boa fase no amor para tanta falta de inspiração.
Eis que caminhava pelo centro de Itajaí e, logo após atravessar a faixa em frente ao Hospital Marieta e quase ser atropelado por um motoqueiro deseducado, fiquei analisando o modo grosseiro de agir daquele infame. Pensava que se Darwin o tivesse analisado teria chegado a conclusões exatamente contrárias quando afirmou que o homem é evolução do macaco.
Mas enquanto esbravejava em pensamentos contra o motociclista um senhora com mais de 50 verões, imaginei, parou-me dizendo:
- Boa tarde!
- Boa tarde! - respondi.
- Posso te roubar um minuto? perguntou-me ela com os olhos refulgentes.
Imaginei que ela fosse me pedir algum favor e logo entreguei-lhe um sorriso dizendo:
- Sim, é claro! Em que posso lhe ser útil? - indaguei-a.
Ela inesperadamente soltou-me algo que nem o mais otimistas dos homens esperaria.
- Você é muito lindo!, - disse-me ela inofensiva e gentilmente.
Sem reação, procurei em meu baú encefálico algo para dizer aquela simpática senhora, mas não encontrei nada. Fui tão deselegante, talvez pela surpresa da circunstância, quanto o motoqueiro. Apenas entreguei-lhe o meu sorriso com um simples obrigado.
Se ela for leitora dessa coluna, espero que aceite esse humilde pedido de desculpas pela minha falta de educação em não conseguir lhe dar uma resposta à altura.
Gostaria apenas de completar meu obrigado dizendo que toda a beleza que ela viu, em verdade, mora dentro daqueles olhos pueris que me deixaram com impressão de que realmente estou com sorte no amor.