Uma operação iniciada em Rio do Sul escancarou um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao jogo do bicho, com o uso de laranjas. O grupo tinha um patrimônio estimado em, no mínimo, R$ 15 milhões. Balneário Camboriú, Itapema, Rio do Sul, Ituporanga, São José e Florianópolis foram alvos da ação nesta quinta-feira.
Segundo o Gaeco, foram apreendidos quase R$ 3 milhões em reais e dólares, R$ 6 milhões em veículos de luxo, R$ 2 milhões em joias e R$ 3,5 milhões em cheques. O promotor Wilson Paulo Mendonça ...
Segundo o Gaeco, foram apreendidos quase R$ 3 milhões em reais e dólares, R$ 6 milhões em veículos de luxo, R$ 2 milhões em joias e R$ 3,5 milhões em cheques. O promotor Wilson Paulo Mendonça Neto, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), informou que também houve buscas em Guaíba e Três Passos, no Rio Grande do Sul.
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Até as 14h desta quinta, 11 pessoas tinham sido presas por ordem judicial e outras duas seguiam foragidas. Foram cumpridos 34 mandados de busca e apreensão, com sequestro e bloqueio de bens. “Era um esquema sofisticado de lavagem de capitais, oriundo da contravenção do jogo do bicho, com a utilização de laranjas para lavar o dinheiro”, disse o promotor.
Entre os bens apreendidos estão R$ 822 mil em grana, 410 mil dólares, 24 veículos de luxo avaliados em R$ 6 milhões – entre eles Porsche, Dodge, Land Rover, Mercedes-Benz, motos BMW e Ducati, além de iate, lancha e dois jet skis. Também foram recolhidos R$ 2 milhões em joias, R$ 3,5 milhões em cheques e cerca de 500 cédulas de cheques que ainda serão contabilizadas.
Batizada de “Shutdown”, a operação identificou um grupo criminoso que explorava jogos de azar, além de praticar associação criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro na região de Rio do Sul. Houve ainda o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens móveis e imóveis em nome dos investigados.
As apurações indicam que o grupo era estruturado e articulado, utilizando empresas de fachada, movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada e mecanismos complexos para ocultar a origem ilícita do dinheiro. Os investigadores apontam que a quadrilha usava a chamada terceira fase da lavagem de dinheiro, conhecida como integração, quando o dinheiro ilegal passa a circular na economia com ar de legalidade.
Embora a exploração do jogo do bicho seja considerada contravenção penal, os investigadores destacam que a prática servia como base para um esquema muito mais amplo, com alto potencial de dano à ordem pública, à concorrência e à confiança nas instituições.
Jogo do bicho, também, digital
O esquema envolvia bancas de jogo do bicho em pontos físicos. O Gaeco identificou os responsáveis pela logística de máquinas e pela distribuição entre as bancas. No desdobramento, os investigadores chegaram a um grupo que administrava espaços físicos e, posteriormente, a um sistema mais sofisticado que permitia apostas online. Os dois sistemas, criados por um grupo gaúcho, foram derrubados pela polícia.
“Esse dinheiro era usado no jogo do bicho por meio de sistema de informática, depois usados laranjas para lavar o dinheiro e retornar às pessoas que, efetivamente, recebiam. Temos dois sistemas separados de jogo do bicho, que acabam servindo como uma máquina de lavar dinheiro. Por isso, o enorme patrimônio da quadrilha”, informou o promotor Wilson.
O Gaeco segue investigando para chegar a novos membros do grupo. A polícia acredita que a quadrilha pode ter até 100 pessoas envolvidas com os dois sistemas de jogo do bicho. “Além das medidas tomadas, temos o bloqueio das contas de pessoas físicas e jurídicas de, no mínimo, R$ 100 e no máximo de R$ 5 bilhões, além da suspensão do uso dessas plataformas. É um golpe muito duro da justiça contra o jogo do bicho e a lavagem de dinheiro”, finalizou.
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