Elas dão o tom

O samba itajaiense nas vozes de Bárbara, Noemy e Natália

Elas seguem os passos da pioneira Nega Tereza e fortalecem a presença feminina no samba local

Bárbara Damásio, Noemy Santos e Natália Pereira representam o samba  de Itajaí
Bárbara Damásio, Noemy Santos e Natália Pereira representam o samba de Itajaí

As mulheres sempre tiveram um papel fundamental na história do samba. Nos primórdios, eram figuras centrais como autoridades religiosas que abençoavam os primeiros encontros entre músicos, além de anfitriãs que cozinhavam para os compositores. Com o tempo, passaram também a ocupar os palcos e as rodas de samba, tornando-se intérpretes, compositoras, instrumentistas e protagonistas da cultura do samba.

Desde Tia Ciata até nomes como Dona Ivone Lara, Alcione, Beth Carvalho e Leci Brandão, o samba foi sendo enriquecido pela força e pelo talento das mulheres. Em Itajaí, essa história também se escreve em ritmo sincopado. Nega Tereza foi a primeira sambista local de destaque, e hoje outras artistas seguem essa trilha com brilho: Bárbara Damásio, Noemy Santos e Natália Pereira.

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A música como companheira de vida

Bárbara Damásio é musa do samba e da MPB (Foto: Divulgação/Bárbara Duarte)

 

Bárbara Damásio parece ter nascido cantando. “Eu era uma criança que cantava muito em casa e brincava com o desodorante como se fosse microfone. Meus pais me colocaram no coral do Colégio de Aplicação da Univali, com o professor Arildo. Aos 13 anos, já era solista. O maestro foi meu primeiro incentivador e me chamou para participar de um grupo de serenata. Foi quando comecei a me apresentar profissionalmente”, conta.

Formada em Jornalismo, licenciada em Música e mestre em Políticas Públicas, Bárbara tem a voz como principal instrumento, geralmente acompanhada de um pandeiro e por músicos de alto nível, que a acompanham em eventos públicos e privados. Na composição, ela se arrisca apenas no projeto de música infantil que desenvolve há mais de 15 anos com Willian Goe e Ricardo Dominguez. “Ainda assim, não me considero compositora. Tenho intimidade com as palavras, mas gosto mesmo é de sugerir melodias.”

Embora transite por diversas sonoridades, é no samba que Bárbara se destaca. O “Samba de Bárbara” existe como evento oficial no Mercado Público de Itajaí há duas décadas. “Sinto que o projeto vingou. Depois de um longo tempo de maturação, tivemos um aumento significativo de público no pós-pandemia. Hoje, as pessoas se deslocam especialmente para o Samba de Bárbara. Isso nos enche de alegria”, diz a cantora.

 

Samba que corre pelas veias

 Noemy Santos é paulista e mora em Itajaí há quatro anos (Foto: Acervo pessoal)

 

Paulista de nascimento, mas itajaiense por escolha, Noemy Santos tem o samba correndo nas veias desde sempre. Sua voz de contralto, com timbre marcante, conquistou o público logo que chegou à cidade, há quatro anos. Atualmente, ela também se apresenta com frequência no eixo Curitiba–Buenos Aires, onde mantém uma base fiel de fãs.

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A musicalidade de Noemy foi cultivada na infância. “Meu pai não era músico, mas sempre foi amante da boa música. Cresci ouvindo Lupicínio, Ataulfo, Zé Keti, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Cartola... Meus irmãos mais velhos me apresentaram Clara Nunes, Ivone Lara, Candeia, Alcione, Beth Carvalho. Na nossa casa, respirava-se música”, recorda.

Apesar da desenvoltura nos palcos, ela só iniciou a carreira profissional aos 30 anos. Hoje, aos 53, afirma que sua formação veio do coral da igreja protestante — onde aprendeu afinação, disciplina, técnicas vocais e respiração — e das rodas de samba. “O samba não tem academia, dizia Candeia. Mas ainda pretendo cursar um conservatório e aprender um instrumento”, garante.

 

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Samba também combina com doçura

Natália Pereira é presença marcante, sempre acompanhada de músicos consagrados, como Rafaelo de Góes (Foto: Joca Baggio)

 

Com voz doce e suave, a multi-instrumentista, intérprete, compositora e atriz Natália Pereira imprime uma identidade única aos sambas que interpreta. Seu caminho na música popular brasileira ganhou novo fôlego em 2010, no primeiro semestre do curso de Canto no conservatório. Ali nasceu uma paixão arrebatadora.

“Foi quando ouvi muito Noel Rosa, Cartola, Nelson Cavaquinho, Clara Nunes, Ary Barroso... Conheci músicos igualmente encantados por esse repertório e formamos um grupo que, ainda naquele ano, já se apresentava em restaurantes e eventos de Itajaí. Era um diferencial, pois não havia ninguém circulando com esse repertório na cidade, com vozes femininas e masculinas”, relembra.

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A ligação com a música vem desde cedo. Mesmo não sendo sua primeira formação acadêmica, Natália sempre foi apaixonada pela música e pela cultura popular. Ela é neta de Arnoldo “Cueca”, mestre do boi de mamão e personagem importante da cultura popular de Itajaí. Para homenageá-lo, criou um espetáculo com as músicas que ele cantava, unindo teatro e tradição — revelando mais uma faceta de sua versatilidade artística, que dá nova roupagem ao velho, bom e tradicional samba.

Mesmo assim, define-se com modéstia: “Sou uma cantora que gosta de estudar outros instrumentos. Toco violão para estudar o canto, para compor, para acompanhar aulas. Nos espetáculos, toco ukulelê e hoje estudo percussão. Por ser admiradora das culturas populares, é comum me ver com tambor, atabaque, pandeiro ou tamborim”.

 






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