“Nos ajudem a construir pontes vocês também, com diálogos, com encontro, para sermos um único povo, sempre em paz”. Essa foi uma das primeiras frases do discurso do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, agora papa Leão XIV.

O novo pontífice homenageou seu antecessor, Francisco, na janela central da Capela Sistina, horas após a fumaça branca indicar que a igreja católica já tinha um novo líder. “Ainda mantemos, nos nossos ouvidos, aquela voz fraca, mas sempre corajosa do papa Francisco, que abençoava Roma”, disse.

“Sou um filho de Santo Agostinho. Sou agostiniano. Santo Agostinho disse: ‘Para vós, sou bispo; convosco, sou cristão’. Neste sentido, podemos todos caminhar juntos, na direção da pátria que Deus não preparou”, disse. “Necessitamos ser, juntos, uma igreja missionária, uma igreja que constrói pontes e diálogos. Que mantém o diálogo sempre aberto, pronta para receber todos que precisam”, disse.

Em meio ao discurso, Leão XIV deixou de falar italiano e se dirigiu à multidão reunida na praça São Pedro em espanhol, para agradecer à diocese peruana de Chiclayo, onde foi administrador apostólico. “Povo leal e fiel, que acompanha o bispo e o ajuda”, destacou. Ele encerrou o discurso com uma Ave Maria, já que quinta era dia devocional à Nossa Senhora de Pompeia.

Habemus papam

O papa Leão XIV foi escolhido no segundo dia de conclave. Passava um pouco das 13h de quinta quando a chaminé da Capela Sistina sinalizou o consenso entre a maioria dos cardeais. O público que aguardava o anúncio na praça São Pedro, em frente à capela, comemorou com entusiasmo o sinal de que a escolha foi feita. Muitos brasileiros estavam entre os fiéis.

O novo papa foi conhecido 17 dias após a morte do papa Francisco, aos 88 anos, no dia 21 de abril. Francisco morreu em decorrência de acidente vascular cerebral (AVC) seguido de falência cardíaca irreversível.

Quem é o novo papa

Prevost nasceu em Chicago (EUA), entrou para a vida religiosa aos 22 anos e formou-se em teologia pela União Teológica Católica de Chicago. Aos 27, foi enviado a Roma para estudar direito canônico na Universidade de São Tomás de Aquino. Foi ordenado padre em 1982 e iniciou sua atuação missionária no Peru dois anos depois.

No Vaticano, ocupou cargos importantes: foi prefeito do Dicastério para os bispos — órgão responsável pela nomeação de bispos — e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina. Prevost era próximo do papa Francisco, que o promoveu a cardeal e já havia dado sinais de apoio à sua condução ao papado. Ele é um profundo conhecedor da lei canônica, que rege a igreja católica.