JUSTIÇA
Processo contra ex-presidente da Multimoney é arquivado
Empresário Duda Cunha chegou a ficar preso por três meses, mas justiça anulou operação da PF
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

O empresário Eduardo Paul Cunha, o Duda, ex-presidente da Multimoney Corretora de Câmbio e sócio da Greenvalley, investigado pela Polícia Federal por gestão fraudulenta de instituição financeira, conseguiu o arquivamento do processo por nulidade, conforme decisão da Justiça Federal de fevereiro deste ano. A sentença foi do juiz federal Nelson Gustavo Mesquita Ribeiro Alves, seis anos após a operação da PF.
Duda, que mora em Itajaí, foi preso em 2018 por ordem da juíza Janaina Cassol Machado, ficando 90 dias no presídio. A magistrada é a mesma que determinou a prisão do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier Olivo, que acabou cometendo suicídio após sofrer humilhações públicas, embora fosse inocente.
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Na denúncia, Duda e Manuel Craveiro da Fonseca, presos em 28 de junho de 2018, eram acusados de participação em crimes financeiros e lavagem de dinheiro, utilizando contratações de DJs, fraudes cambiais e contratos de comércio exterior envolvendo a Multimoney e uma casa noturna de Camboriú.
Segundo a PF, Duda teria praticado lavagem de dinheiro ao contratar DJs internacionais por valores subfaturados entre 2013 e 2014, período em que ainda era sócio do clube de Camboriú. A partir dessas suspeitas, a PF passou a investigar a Multimoney, com sede em São Paulo, e apontou possíveis fraudes cambiais envolvendo mais de R$ 2 bilhões em movimentações suspeitas.
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Na época, a defesa sustentou que a corretora era credenciada pelo Banco Central e seguia todas as normas de operação. A empresa foi fechada após o bloqueio de contas e bens. Os advogados reforçaram que não havia provas de que a Multimoney atuava de forma ilícita.
As investigações teriam sido baseadas em interpretações de e-mails que tratavam de procedimentos rotineiros do mercado financeiro. De acordo com a assessoria jurídica de Duda, durante toda a existência da Multimoney nem a empresa nem seus gestores sofreram qualquer autuação administrativa por parte do Banco Central, autoridade máxima de fiscalização do sistema financeiro nacional.
Em 21 de fevereiro de 2025, o juiz titular da 1ª Vara Federal de Florianópolis, Nelson Gustavo Mesquita Ribeiro Alves, acompanhou o parecer do MPF e determinou a nulidade do processo. “Declaro a nulidade do processo desde o recebimento da denúncia em razão da violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório (...) Determino, portanto, o arquivamento deste expediente nos termos da promoção do Ministério Público Federal do evento anterior”, afirmou na sentença.