ESTACIONAMENTO ROTATIVO
Justiça decide que é ilegal trocar multa por advertência
Decisão diverge de medida adotada pela prefeitura de Balneário Camboriú
Anderson Davi [editores@diarinho.com.br]

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), através da 2ª Câmara de Direito Público, decidiu que é ilegal trocar multa por estacionamento irregular por advertência ou tarifa de regularização. No entendimento dos desembargadores do TJSC, não cabe aos municípios definir infrações de trânsito ou adotar sanções e processos de fiscalização distintas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Na última sexta-feira, a prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan (PSD), sancionou lei que proíbe multas geradas por robôs – câmeras de reconhecimento óptico de caracteres (OCR) instaladas nas viaturas da BC Trânsito ou em pontos estratégicos. Com a nova lei, os agentes de trânsito precisarão notificar o motorista antes de aplicar a multa. O condutor terá 15 minutos para regularizar a situação do estacionamento do seu veículo.
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O julgamento do Tribunal manteve sentença da comarca de Sombrio, que anulou dispositivo do decreto municipal que criou uma tarifa de regularização. Ao pagar a tarifa, o motorista evitava multa e pontuação correspondente à infração de trânsito ao ser flagrado estacionado de forma irregular em vaga rotativa.
No entendimento da justiça, o município pode explorar as vagas por meio concessão pública para empresas terceirizadas, mas não pode criar tipos de punição diferentes das previstas no CTB.
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Ainda segundo a decisão aprovada por unanimidade pela corte, “o município causa prejuízo aos cofres públicos e fere o princípio da legalidade, já que essa atividade é vinculada, ou seja, não deixa margem para escolhas ou decisões discricionárias por parte da administração pública”.
Especialistas analisam
O especialista em trânsito Carlos César Pereira concorda com a decisão da justiça e avalia que a nova lei de Balneário Camboriú é ilegal. “A multa de trânsito não pode estar condicionada ao pagamento de taxa de regularização, nem tampouco, se basear em ‘aviso de irregularidade’. A multa de trânsito depende de comprovação determinada pelo parágrafo terceiro do seu artigo 280 do CTB com a constatação pelo competente agente de trânsito”, comenta.
Sobre a cobrança de uma taxa de regularização, ele reforça que também não é válida para liberar o motorista da multa. “Se o condutor cometeu a infração, deve ser lavrada a autuação competente através do agente capaz que estiver no local. Entendo que a referida taxa não é tarifa, nem multa, e sim pura arrecadação adicional, não prevista em lei”, completa César.
Já Juliano Lopes, técnico em trânsito, discorda da decisão do TJSC. “Precisamos entender que a fiscalização vai autuar o condutor e não multar. Na autuação cabe defesa e na multa cabe recurso. O município tem o poder de determinar qual o tempo limite para regularizar a situação. Caso o condutor não regularize, deve ser autuado. Acredito que é um exagero autuar o condutor sem dar a ele a oportunidade de regularizar a situação”, explica.
Lopes ainda comenta sobre a proibição de multas geradas por OCR em Balneário. “A fiscalização por câmeras de vídeo de monitoramento em qualquer lugar do Brasil é irregular. Muito embora exista previsão de fiscalização por câmera a sinalização, ainda não foi regimentada pelo Contran”, finaliza.
O DIARINHO procurou a prefeitura para obter informações sobre possíveis alterações nas medidas adotadas quanto ao estacionamento rotativo, mas ainda não houve retorno.